Foto: Divulgação
O brasileiro poderia esperar a chegada de qualquer produto da Rússia. Qualquer um, menos macarrão. E é justamente macarrão russo o que o brasileiro vai degustar dentro de algum tempo, assim que a burocracia permitir. Pela primeira vez, macarrão produzido na Rússia será vendido aqui.
No Brasil é novidade, mas a Makfa (“macarrão” mais “fábrica”) existe há 75 anos (comemorados em 2012), desde os tempos da União Soviética. Hoje empresa de capital privado, é a maior em macarrão e farinhas da Rússia e do Leste Europeu e a quinta do mundo. Como não poderia deixar de ser, as receitas e os equipamentos são de origem italiana. E os 3.800 funcionários, 100% russos.
Sua enorme produção, calculada em 180 mil toneladas anuais, atende ao consumo nacional e é escoada para vários países, com grandes exportações para os Estados Unidos e a China. Agora, pela primeira vez, seus produtos chegam a um país da América Latina. A Makfa tem trigais e moinhos próprios, além das fábricas.
Fábrica no Brasil
“O Brasil foi o escolhido porque aqui há uma forte tradição italiana, moram muitos descendentes daquele país, há uma tradição de comer macarrão e é um país que está em franco crescimento. Nossa previsão inicial é comercializar 100 toneladas/mês”, diz o jovem diretor comercial Serguêi Dediukhin.
Já instalado com a família em São Paulo, Serguêi é um dos muitos funcionários administrativos russos que toca a implantação dos negócios, cujo escritório central situa-se em Alphaville. Elizaveta Malkovich, a diretora-geral russa que já fala um português perfeito, explica que a empresa veio para ficar e que abrir uma fábrica no Brasil, em algum tempo, não está fora dos planos.
“Com os altos impostos que pagam as importações no Brasil, compensa mais produzir aqui. Tanto poderemos, no futuro, construir uma fábrica própria, como adquirir alguma já existente no país.”
Grand di pasta
Na Rússia, a Makfa fabrica três tipos de macarrão, em variados formatos.
“Nós temos o macarrão normal, o macarrão de grão duro, classe A, e o macarrão grano duro luxo, que utiliza apenas 7% a 8% dos melhores grãos. É o Grand Di Pasta. Com esse produto, de qualidade premium, devemos entrar no Brasil. Vai competir com o francês e com o italiano. E o preço vai ser um pouco menor,” diz Elizaveta Malkovich.
Em contato com distribuidores brasileiros, que levarão o macarrão Makfa aos supermercados de todo o Brasil, Elizaveta notou grande interesse por um tipo de macarrão que a princípio não se tencionava vender no Brasil por ora, e que não existe no mercado brasileiro, chamado Makfiki, esculpido em forma de ursinhos, carrinhos e aviõezinhos.
“Talvez mudemos de ideia quanto ao macarrão com motivos infantis, que recebeu atenção especial dos distribuidores.”
Contêiner
O catálogo da empresa, já em tradução brasileira, apresenta dezenas de produtos. Além de inúmeros tipos de macarrão –“ninho”, para rechear, abissini, fettuccine, canelone, farfalle, grand penne, festonate, fusili, com tomate natural e espinafre adicionado– há farinhas e cereais, tais como arroz de grão longo, cevada integral, ervilha seca, milho moído, além de uma linha de azeites.
O Brasil é o terceiro maior fabricante do mundo, ocupa a 12ª posição no ranking mundial e a 5ª colocação no ranking das Américas de consumo per capita de macarrão, com 6,6 kg por habitante/ano. Os maiores consumidores per capita são Itália, com 28 kg por habitante/ano, e Venezuela, com 13 kg por habitante/ano. No país, o mercado de massas está estacionado há cinco anos em 1,2 milhão de toneladas. Mas nada disso desanima Malkovich:
“Estamos fazendo todo o procedimento de documentação, preparação e de burocracia. Nosso contêiner já chegou, só estamos aguardando alguns documentos. Espero no início do ano que vem estar nos supermercados.”
A campanha publicitária ainda não foi contratada. Não sabemos, portanto, como irá explorar um produto genuinamente russo com qualidade rigorosamente italiana. Mas, se depender do brasileiro, o macarrão da Makfa poderá ganhar um apelido simpático: “makarronsky”. Isso pega.
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