Foto: Kommersant
Brasil e Canadá reagiram de forma a se adequar à decisão da Rússia de aumentar o controle sobre a importação de carne, ao contrário dos EUA, que a entendem como retaliação à Lei Magnitski. Para atender às exigências do lado russo, o Brasil impôs uma proibição temporária ao uso de ractopamina na alimentação de animais. Muito provavelmente, os brasileiros vão aproveitar a oportunidade para fazer os EUA recuar no mercado de carne russo. O Canadá também se declarou disposto a observar o novo regulamento veterinário do país.
Na última sexta-feira (7), o Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor) declarou que iria apertar o controle sobre as importações de carne produzida pelas empresas que utilizam a ractopamina. Esse aditivo nutricional é proibido nos países da União Aduaneira (Rússia, Bielo-Rússia, Cazaquistão), sendo, porém, amplamente utilizado no Brasil, EUA e Canadá como promotor de crescimento dos suínos e bovinos.
As autoridades brasileiras atenderam à posição russa e impuseram uma proibição temporária ao uso de ractopamina. Segundo a agência Reuters, a proibição, que entrou em vigor em novembro, vale também para os demais betaloqueadores utilizados pelas empresas de carne para estimular o ganho de peso nos animais.
“A medida terá validade até que as autoridades brasileiras competentes tenham pronto um sistema de divisão da produção de carne para separar a carne destinada ao consumo interno e à exportação para os países onde os aditivos em causa são permitidos das carnes destinadas aos países onde a ractopamina é proibida”, disse Carlos Mota, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil.
No outono deste ano, o Rosselkhoznadzor havia informado as autoridades competentes brasileiras que iria reduzir o acesso de carne brasileira ao mercado russo se as empresas do Brasil não deixassem de usar a ractopamina na produção de carne.
Especialistas não descartam a hipótese de o Brasil tentar aproveitar essa ocasião para fazer os EUA recuar no mercado russo.
"Hoje, há uma boa chance de fazê-lo", acredita o porta-voz do Rosselkhoznadzor, Aleksêi Alekseenko.
Após a publicação da decisão do Rosselkhoznadzor, alguns especialistas americanos acusaram a Rússia de violação das regras da OMC (Organização Mundial do Comércio) e pediram às autoridades russas para reabrirem seu mercado à carne americana, afirmando que, caso contrário, as exportações de carne americana para a Rússia poderiam parar.
De acordo com a ANCR (Associação Nacional de Carne da Rússia), das 258,6 mil toneladas de carne suína trazidas para a Rússia em nove meses de 2012, 83,5 mil toneladas foram de origem brasileira, cabendo ao Brasil o segundo lugar entre os principais países exportadores de carne para o país.
Além disso, das 240,3 toneladas de carne bovina importadas pelo país, 184,7 mil toneladas foram de origem brasileira.
Compare-se: as importações com origem nos EUA totalizaram 56,8 mil toneladas de carne suína e 32,3 mil toneladas de carne bovina.
O Canadá também se declarou disposto a obedecer ao regulamento da vigilância veterinária russa. De acordo com o presidente da comissão executiva da ANCR, Sergêi Iuchin, a Associação Canadense de Exportadores de Carne Suína enviou à sua par russa uma carta em que garante que quase 50% dos suínos do país não têm mais em sua dieta a ractopamina. As empresas de carne canadenses não vão demorar a se adaptar às exigências das autoridades competentes russas, garante a Associação canadense.
A reação do México, outro importante fornecedor de carne bovina à Rússia, ainda é desconhecida.
Para a versão completa do artigo em russo, acesse: http://www.rbcdaily.ru/2012/12/12/market/562949985311754
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