Foto: Luiza Sigulem/ Brasileiros
Andres Guzman, diretor para Assuntos Internacionais da Itaoeste Mineração e da OMF Mineral Star, que possuem jazidas no Brasil e na Bolívia e cujo diretor-presidente é Olacyr de Moraes, integra a comitiva presidencial que estará em Moscou nesta semana para visita oficial ao presidente Vladímir Pútin.
Em sua bagagem, Guzman, nascido na Bolívia e brasileiro de coração, traz um portfólio de projetos com matérias-primas raras empregadas, dentre outras, nas indústrias aeroespacial e bélica, com reservas estimadas em US$ 30 bilhões.
Ele conversou com a Gazeta Russa.
Gazeta Russa: O que leva o senhor à Rússia? Qual é o objetivo da sua viagem?
Andres Guzman: Em primeiro lugar, estamos indo à Rússia dada a sua importância econômica e estratégica e a internacionalização dos produtos que temos na área de mineração. São produtos específicos, minerais raros para a exploração, que poucos países possuem tecnologia para utilização.
A Rússia é um dos três ou quatro países que poderíamos listar no caso do escândio, do tálio e do titânio, que produzimos nas nossas minas da Bahia. Trata-se de uma oportunidade ímpar mais uma vez gerada pela presidente Dilma, que tem instigado essas viagens internacionais das quais algumas temos participado, como as de China, Índia e Alemanha.
É uma oportunidade para abrirmos uma via de comercialização, uma possibilidade de parceria com alguma empresa russa, dado que a economia está globalizada, a geografia apenas delimita territórios, mas a economia não tem fronteiras.
Portanto, é uma oportunidade espetacular, com a qual pretendemos conhecer melhor empresários do ramo. Temos uma agenda de encontros organizada graças ao apoio que recebemos do cônsul-geral de São Paulo, Sr. Mikhail Troyanski. A APEX de Moscou também nos ofereceu uma vasta agenda.
G.R.: Em que áreas da indústria russa têm aplicação os minérios raros?
A.G.: Fundamentalmente, a alta tecnologia está dirigida às empresas aeroespaciais. Hoje, a Rússia é o único país do mundo que está desenvolvendo ainda de forma sólida e consequente esse segmento –infelizmente, os Estados Unidos, por uma decisão econômica, não deram continuidade. Além disso, eles têm aplicação na robótica, na medicina nuclear, para fazer os contrastes dos tomógrafos de última geração, e no setor aéreo –os aviões hoje têm utilizado ligas muito fortes e procurado substancialmente baixar seu peso, então essas ligas novas vêm justamente ao encontro dessas necessidades.
E, finalmente, o setor bélico. Hoje, foguetes usam escândio na ponta das ogivas, porque esse material é tão forte a ponto de penetrar uma parede de aço.
G.R.: Como se encontram as minas na Bahia?
A.G.: Estão em fase final de licenciamento. Temos esses minerais raros na região de Barreiras, onde já estamos com solicitação final das licenças, que devem chegar nos próximos dias com toda a análise. O Brasil será colocado no mapa dos minerais raros no curtíssimo prazo.
G.R.: De quanto são estimadas as reservas?
A.G.: O projeto que temos deve superar os US$ 30 bilhões, para se ter uma ideia da magnitude. Trata-se de algo absolutamente impactante. Isso apenas com os minerais raros.
G.R.: As reservas de tálio que vocês têm são consideradas as maiores do mundo?
A.G.: Sem dúvida nenhuma, são 40 mil hectares dessa riqueza maravilhosa. O Brasil é um país de dimensões continentais. É só uma questão de prospectar e investir, que você encontra de tudo: petróleo, gás, minerais.
O que falta ao Brasil é logística. Esse é um gargalo que deve ser rapidamente resolvido para facilitar os investimentos que o setor privado faz. O Estado precisa acompanhar a vontade dos empresários de empreender.
G.R.: A existência do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) tem facilitados os negócios bilaterais entre Brasil e Rússia?
A.G.: Eu estive em duas reuniões do Brics, uma na China e outra na Índia, agora há pouco, em abril. A gente percebe que essas aproximações facilitam muito os negócios. A presidente Dilma e os outros presidentes do grupo têm procurado, justamente, facilitar a comercialização e as parcerias, porque a retórica sempre foi boa.
O setor privado dá sentido prático, objetiva a retórica política. Porque aí, de fato, podemos integrar as economias, a sociedade e, por consequência, os setores industriais e manufatureiros. Acho que o destino é ampliarmos nossas relações cada vez mais.
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