“Visita de Dilma a Moscou deve reforçar negócios entre Brasil e Rússia”, diz um dos diretores da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro

Foto: Firjan

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“Histórico das visitas presidenciais a diversos países sempre resulta em facilitação das relações econômicas. Este é o caso da presidente Dilma Rousseff, que tem um histórico de pragmatismo muito grande em sua trajetória política. A presidente vai querer, realmente, que esta visita represente uma mudança sensível nas relações do Brasil com a Rússia”, diz Amaury Temporal.

Dentro da série de entrevistas realizada pela rádio Voz da Rússia sobre a primeira visita oficial da presidenta Dilma Rousseff à Rússia, de quarta-feira a sexta-feira, conversamos com o empresário Amaury Temporal, diretor do Centro Internacional de Negócios da Firjan, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.

Voz da Rússia: Em que aspectos a visita de Dilma à Rússia poderá contribuir para a melhoria das relações comerciais entre os dois países?

Amaury Temporal: O histórico das visitas presidenciais a diversos países sempre resulta em facilitação das relações econômicas. Este é o caso da presidente Dilma Rousseff ,que tem um histórico de pragmatismo muito grande em sua trajetória política. A presidente vai querer, realmente, que esta visita represente uma mudança sensível nas relações do Brasil com a Rússia. Mas também considero que é muito difícil imaginar que esta visita representará uma mudança paradigmática, ou seja, uma nova maneira de pensar as relações do Brasil com a Rússia, pois elas já estão num nível de sofisticação apreciável.

V.R.: Observamos um fato algo alarmante nos últimos meses: enquanto os outros países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) têm registrado aumento no volume das suas trocas comerciais, Brasil e Rússia diminuíram o comércio entre si. Há quem diga que isso se explica pelo esgotamento dos ramos tradicionais, como a venda das carnes brasileiras para a Rússia e dos fertilizantes russos para o Brasil. O senhor vê alguma alternativa para que as relações dos dois países sejam incrementadas?

A.T.: É preciso observar que, realmente, os números do nosso intercâmbio comercial ainda são pouco representativos em relação ao tamanho das duas economias. Cada vez que há um declínio das relações comerciais, segue-se sempre uma certa visão de esgotamento, que não tem nenhum lastro na realidade. A capacidade de importação de fertilizantes russos pelo Brasil é muito grande, assim como é muito grande a capacidade de importação da carne brasileira pela Rússia. Portanto, esta capacidade mútua não se esgota rapidamente, até mesmo porque estamos diante de números reduzidos no intercâmbio comercial dos dois países. É evidente que boa parte das relações econômicas são facilitadas pelas relações políticas. Portanto, é de se imaginar que esta visita de Dilma à Rússia venha a reforçar os acordos econômicos com o Brasil.

V.R.: Uma das medidas aguardadas há bastante tempo é a utilização das moedas nacionais dos países do Brics nas suas relações internas, em detrimento do dólar. No caso do Brasil e da Rússia, as moedas de troca passariam a ser, respectivamente, o real e o rublo. O senhor acredita que a adoção do câmbio com moedas próprias facilitará o relacionamento russo-brasileiro? 

A.T.: Não há exemplo disso em relação ao Brasil no relacionamento com outros países. Não sou especialista no assunto e não me atreveria a emitir uma opinião abalizada. Entendo, porém, que esta medida deverá encontrar dificuldades, pois, especificamente no caso brasileiro, a substituição do padrão monetário internacional deverá passar pelo crivo do Banco Central.

Publicado originalmente no site da rádio Voz da Rússia

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