Mikhail Voevodin. Foto: Divulgação
Graças a maior fabricante mundial de titânio, a corporação russa VSMPO-Avisma, podemos dizer que cada aeronave na Europa e na América foi construída com a participação da Rússia. Atualmente, a empresa cobre mais de 60% da demanda de titânio da corporação aeronáutica europeia Airbus, cerca de 40% da americana Boeing americana e 100% da brasileira Embraer.
Para saber como a empresa russa virou parceiro insubstituível para as maiores empresas aeronáuticas do mundo, o correspondente da RBC Daily Sergêi Starikov conversou com o diretor-geral da VSMPO-Avisma, Mikhail Voevodin.
RBC Daily:Quem são os principais consumidores de titânio?
Mikhail Voevodin: Cerca de 30% de titânio é consumido pela produção industrial, 40% pela indústria aeronáutica, 20% pelo setor de construção de motores e os restantes 10% se destinam à construção de mísseis.
A VSMPO-Avisma cobre 30% da demanda mundial de titânio. As vendas internas representam entre 30% e 35% do volume total das vendas da empresa, cabendo o resto às vendas externas. O ano de 2012 foi de recorde para a indústria em termos de pedidos de compra por parte do governo. No período pós-soviético, os consumidores nacionais nunca compraram mais de 7.000 toneladas, limitando, em regra, seus pedidos de compra a 5.000 ou 6.000 toneladas, em média. Em 2012, solicitaram 10 mil toneladas e compraram mais de 12 mil. Isso porque a Rússia começou a desenvolver indústrias de alta tecnologia. Como se sabe, as indústrias de baixa tecnologia não utilizam titânio.
RBC:Qual é a empresa que mais compra o titânio russo, a Boeing ou a Airbus?
M.V.: Historicamente, a Boeing. As duas empresas constroem aeronaves tecnologicamente diferentes. Cada fabricante decide por conta própria sobre a quantidade de titânio de que vai precisar. Por exemplo, se um avião tem um problema com o peso, o fabricante decide substituir o aço pelo titânio. Nesse caso, ele resolve o problema do peso, mas perde dinheiro porque o titânio é mais caro do que o aço. A Airbus usa menos titânio, embora nossa corporação cubra 60% de suas necessidade nesse metal. A Boeing compra mais titânio, embora nossos fornecimentos cubram apenas 40% de sua demanda.
RBC:A empresa templanosde criar outras joint ventures com produtores estrangeiros?
M.V: Sim. Estamos debatendo as perspectivas da cooperação com a Boeing e a possibilidade de uma nova joint venture no Vale do Titânio. Também estamos negociando a hipótese de joint venture com a empresa Alcoa, para produzir painéis de parede finos de alumínio para trens de alta velocidade. Desejamos construir uma fábrica de esponja no Vietnã em cooperação com a empresa Vinacomin.
RBC:Quanto titânio compra a CAUR (Corporação Aeronáutica Unificada)?
M.V.: Fornecemos peças estampadas e materiais a todos as empresas da CAUR. Cada uma delas possui uma oficina de usinagem. Desde 2009, sugerimos à CAUR criar uma joint venture para usinar e estampar peças desejadas. A estimativa de investimento é de US$ 70 a US$ 100 milhões. Se a joint venture for criada, a CAUR atenderá, em larga medida, a sua demanda de usinagem de titânio.
A CAUR precisa de nosso metal para seus projetos civis, como o avião MS-21, que terá asas de materiais compostos. Agora, não sei dizer de quantas toneladas de titâno a CAUR vai precisar porque ainda não recebemos seu pedido de compra. Quanto mais materiais compostos são usados em aeronaves, tanto maior é a demanda do titânio, porque o alumínio e o aço sofrem corrosão quando entram em contato com materiais compostos.
Nossos concorrentes da indústria de alumínio tentam, por enquanto em vão, inventar um alumínio protegido. Enquanto isso, as empresas aeronáuticas preferem o titânio como material mais confiável. A vida útil média de uma aeronave é de 30 anos e ninguém sabe o que acontecerá com o alumínio protegido nesse espaço de tempo.
RBC:A empresa tem cooperação com a China?
M.V.: Assinamos, este ano, um contrato de fornecimento de peças para a aeronave de passageiros C-919. Mas o projeto ainda não está pronto.
RBC: Qual é a estratégia de desenvolvimento de sua corporação?
M.V.: Pretendemos ampliar e diversificar a produção, aumentar o percentual de produtos de elevado valor agregado, desenvolver a cooperação com nossos parceiros, buscar novos mercados e aumentar nossa participação naqueles onde estamos presente. Nossos clientes perdem interesse pelos produtos semiacabados, como placas e lingotes, e se manifestam cada vez mais interessados em adquirir peças quase acabadas. Para atender a esse desafio, precisamos mudar a ideologia do desenvolvimento de nossa corporação. Até 2015, pretendemos investir US$ 800 milhões na produção.
RBC:Vãoemitir outros lotes de ações?
M.V: No ano passado, examinamos a possibilidade de emissão de um lote adicional de ações para captar recursos para a exploração da jazida Centralnoe. No entanto, nenhuma decisão definitiva foi tomada. Poderemos voltar a essa questão assim que for feito o estudo de viabilidade técnica e econômica da jazida e soubermos quanto dinheiro será necessário à exploração da mesma. A intenção era concluir todos os trabalhos preparatórios em março deste ano, mas não conseguimos. Os trabalhos preparatórios puseram em evidência muitos problemas tecnológicos. Em razão disso, mudamos a conclusão do estudo de viabilidade para março de 2013.
Para a versão na íntegra da entrevista, acesse: http://www.rbcdaily.ru/2012/11/27/industry/562949985212984
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