Cientistas russos desenvolveram uma molécula especial capaz de levar uma medicação para o núcleo de uma célula, incluindo aquela afetada por um processo canceroso. Este "entregador" torna o tratamento pelo menos mil vezes mais efetivo do que a terapia convencional.
É o que consta em um relatório do diretor do Instituto de Biologia do Gene, o acadêmico Georgy Georgiev, e do chefe do laboratório de Genética Molecular de Transporte Intracelular do mesmo instituto, Alexandr Sobolev. O comunicado foi apresentado à presidência da Academia de Ciências da Rússia.
"É necessário utilizar os chamados marcadores moleculares superficiais para assegurar a especificidade celular da medicação. Ao mesmo tempo, para atingir a sua máxima eficácia, deve-se levá-la para uma parte específica da célula", disse Sobolev.
Para os agentes antineoplásicos, que inibem o crescimento ou a disseminação de tumores, tal entrega normalmente deve ser realizada diretamente no núcleo, apontou o cientista. Para isso, é imprescindível criar alguma forma de transporte do medicamento para o local desejado.
"Nós desenvolvemos os nanotransportadores modulares, que nos permitem conseguir isto", disse Sobolev.
Para isto, foram retirados diferentes módulos de diversas moléculas naturais e adicionados à uma forma hibrida. Falando em linguagem científica, à uma proteína artificial de cerca de 10 nm. Isto é o nanotransportador modular, onde todos os módulos mantêm as suas funções em sua composição.
Após a administração, o nanotransportdor modular acumula-se principalmente nas células tumorais, e dentro delas, especialmente nos núcleos. Além disso, estes transportadores são pouco tóxicos e praticamente não imunogênicos.
Graças a isso, os medicamentos para a terapia fotodinâmica do câncer, os chamados fotossensibilizadores, levados pelo nanotransportador para o interior das células cancerosas, tornam-se de 1.000 a 3.000 vezes mais eficazes comparados com os fotossensibilizadores livres.
Assim, por exemplo, a terapia com a utilização de nanotransportadores modulares em ratos inoculados com câncer de pele humano leva a um retardamento considerável no crescimento do tumor e assegura uma taxa de sobrevivência de 75% dos ratos com tumores , enquanto que o fotossintetizador comum livre traz um resultado de somente 20%.
Resultados semelhantes foram também obtidos por outros agentes anticancerígenos.
"A alta eficiência da terapia com a utilização de diversos nanotransportadores modulares permite levantar uma questão sobre a aplicabilidade de tais tipos de sistema para o tratamento de câncer em uma clínica", ressaltaram os cientistas.
Atualmente, os testes pré-clínicos de nanotransportadores modulares estão em processo de conclusão.
Publicado originalmente pela agência ITAR-TASS
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