Míssil hipersônico antinavio Ciklon está sendo desenvolvido a partir do míssil Iakhont/Onix (na foto). Foto: PhotoXPress
A Rússia está intensificando os esforços para finalizar a criação de uma empresa holding especializada em projetos de tecnologia hipersônica. Segundo o vice-primeiro-ministro, Dmítri Rogozin, responsável pela indústria armamentista, os avanços científicos e tecnológicos esperados no âmbito desse projeto podem ser equivalentes em sua importância à criação da bomba atômica.
A nova holding vai englobar as corporações Mísseis Táticos e a de pesquisa e produção em matéria de engenharia mecânica, atualmente incorporada à Agencia Espacial Russa (Roskosmos).
"A ideia é unir os potenciais intelectual e industrial para acelerar os trabalhos em matéria de tecnologias hipersônicas", afirmou o governante.
"Essa fusão permitirá concentrar recursos financeiros na construção de novos tipos de mísseis, inclusive hipersônicos", diz Ígor Korótchenko, editor-chefe da revista Defesa Nacional. "A nova holding será um dos principais centros de competência da Rússia em armas táticas e estratégicas devido ao grande potencial científico e tecnológico das corporações incorporadas."
O desenvolvimento e a aplicação de veículos hipersônicos tem sido uma tendência estável no mercado internacional de armas nos últimos anos. Prova disso são os recentes testes, ainda que mal sucedidos, do míssil X-51 Waverider, realizados nos EUA.
Mesmo assim, EUA, China e Rússia continuam uma corrida nesse campo. Nos últimos anos, os três países têm conseguido progressos importantes no desenvolvimento de mísseis guiados, capazes de atingir a velocidade de Mach 5, ou seja, 6.125 km por hora, ou cinco vezes a velocidade do som. Os atuais mísseis equipados com o motor ramjet, como o russo P-270 Mosquito e o americano Harpoon, desenvolvem uma velocidade inferior à de Mach 2 e podem ser facilmente interceptados.
O mesmo, porém, não pode ser dito sobre os mísseis que voam a uma velocidade de mais de Mach 5. É verdade que o míssil balístico antinavio chinês Dongfeng-21 é mais veloz do que qualquer míssil de cruzeiro hipersônico, mas este último é mais manobrável e pode voar a baixas altitudes e ficar, portanto, invisível aos sistemas de aviso prévio contra mísseis.
Histórico
Os primeiros projetos nessa área surgiram na URSS nos anos 1950. Um deles foi o do sistema aeroespacial Espiral, que representava um avião orbital lançado por uma aeronave hipersônica a uma altitude de cerca de 30 quilômetros.
No entanto, criado como medida de retaliação ao sistema americano X-20 Dyna Soar, o Espiral não conseguiu voar, assim como o sistema americano.
Os testes com sistemas hipersônicos mais bem sucedidos aconteceram na era soviética. Em 1991, a URSS realizou com êxito o primeiro teste com o laboratório voador Kholod (Frio), cujo principal componente foi um motor hipersônico ramjet, que conferiu ao veículo uma velocidade várias vezes superior à do som a uma altitude de 20 a 35 quilômetros. Até 1999, o país realizou uma série de testes bem sucedidos em que foi atingida uma velocidade de cerca de 1.900 km/h. Porém, com a crise econômica, todos os projetos de tecnologia hipersônica foram encerrados.
Atualmente, de acordo com fontes abertas, podemos destacar várias opções-chave de desenvolvimento da tecnologia hipersônica. A primeira são ogivas manobráveis para mísseis balísticos intercontinentais baseados em terra e no mar. A segunda é o míssil hipersônico antinavio Ciklon, que está sendo desenvolvido a partir do míssil Iakhont/Onix. Este último servirá de base para um míssil hipersônico a ser desenvolvido conjuntamente por Rússia e Índia.
A terceira opção é um míssil hipersônico projetado para ser lançado por aeronaves e atingir uma velocidade 13 vezes superior à do som. Seu nome ainda não foi divulgado.
Segundo Iúri Zaitsev, da Academia de Ciências da Engenharia, na última década, o Pentágono investiu cerca de US$ 2 bilhões em um programa de veículos hipersônicos. Nesse contexto, é extremamente importante que a Rússia tenha seus próprios mísseis hipersônicos para, inclusive, romper o escudo antimíssil global já existente e aqueles que forem criados pelos EUA e seus aliados.
Assim, se todos os projetos acima citados ficarem sob a responsabilidade de uma única holding, o resultado pode ser muito bom, e a Rússia terá mísseis hipersônicos de diversos tipos.
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