Com fim de entidade, EUA buscarão novas formas de influenciar política russa

Foto: AP

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Segundo especialistas, depois que Fundação de Investimento Americano-Russa (TUSRIF, na sigla em inglês) encerrou suas atividades na Rússia, os EUA já começaram a buscar novas formas de influência sobre a situação no país.

A Fundação Americano-Russa para o Avanço Econômico e do Estado de Direito (Usfr, na sigla em inglês), anteriormente quase desconhecida pelo grande público, se viu envolvida em um escândalo. Como decorre dos e-mails de seus funcionários invadidos na semana passada por hackers e publicados na internet, o departamento de Estado dos EUA pretende continuar influenciando a política na Rússia de forma menos ostensiva.

Explica-se: com o fechamento de outra entidade, a Fundação de Investimento Americano-Russa (Tusrif, na sigla em inglês), a Usfr poderia se beneficiar de uma quantia em dinheiro e acabar também dinamizando sua vertente política.

A maioria das cartas eletrônicas se refere ao saldo de US$ 150 milhões não gasto na conta da Tusrif, que fechou as portas na Rússia. A Tusrif foi controlada pela Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) e usada pela mesma para o pagamento de bolsas e recompensas no país.  A Usaid também encerrou suas atividades por recomendação da parte russa por suspeita de tentar exercer influência sobre os processos políticos e eleições no país. Washington rejeita todas as acusações.

As mensagens publicadas na internet datam de 2011 e 2012 e estão focadas na possibilidade de reorientação das atividades da Usrf. Formalmente, a fundação se dedica ao apoio às organizações não governamentais russas que não representam nenhum interesse para o departamento de Estado e têm suas atividades voltadas para o desenvolvimento econômico e do Estado de Direito na Rússia e para o apoio à iniciativa privada.  Nenhuma função política, portanto. No entanto, se a Usrf dinamizar sua vertente política, irá receber o dinheiro restante na conta da Tusrif, na totalidade ou em parte.

Após vários dias de silêncio, o presidente da Usfr, Mark Pomar, confirmou que as mensagens publicadas na internet eram autênticas. Ao mesmo tempo, negou que sua fundação interfira na política ou na prática judicial russas.

Sergêi Borisov, membro do conselho de administração da fundação e presidente do Conselho Curador da Opora (organização social russa de apoio ao pequeno e médio empresariado), nega que sua fundação venha se politizando.

"A Usrf é sucessora da Fundação de Investimento americano-russa e está focada no desenvolvimento da iniciativa privada e do investimento, concedendo bolsas de estudo aos interessados em estudar a comercialização. A segunda vertente de suas atividades são consultas e aconselhamento jurídico. Não tem nenhuma ligação com entidades de direitos humanos", disse Borisov.

Quanto aos aspectos políticos abordados nas mensagens, ele acredita que tudo isso não passa  de emoções provocadas pelos acontecimentos na Praça Bolotnaia (trata-se das manifestações de protesto entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012), e o crescimento da classe média na Rússia.

"Naqueles dias, tudo estava agitado e todo o mundo comentava o que estava acontecendo", esclareceu Borisov, que diz condenar a invasão dos e-mails e considera necessário que a Usfr entre com processo na Justiça.

Céticos

Enquanto isso, analistas políticos duvidam que a Usfr não tente influenciar a política russa. Eles atribuem o caráter conspirativo de suas atividades aos problemas jurídicos e ideológicos e à luta entre os "clãs poderosos" nos EUA. 

O vice-reitor da Universidade Russa de Economia e membro da Câmara Pública, Sergêi Markov, acredita que os EUA não podem, por princípio, deixar de tentar influenciar outros países por serem um país ideologizado, atingido pelo complexo de missionarismo. Por outro lado, considera que as intervenções são patrocinadas por alguns "clãs poderosos" e não pelo atual governo dos EUA, chefiado por Barack Obama.

O diretor adjunto do centro de conjuntura política da Rússia (entidade privada especializada em análises políticas), Aleksêi Zudin, também compartilha a opinião de que a Usrf pode facilmente se tornar um agente de influência.

"Depois que a agência Usaid encerrou suas atividades, os EUA deixaram bem claro que não vão encerrar seus esforços e buscarão outras formas de influenciar a situação no país. Não é segredo que exercer influência sobre a esfera humanitária de outros países é um componente de longa data da política externa dos EUA. Temos todas as razões para levar a sério suas afirmações de que saberão encontrar outras formas de influência", disse Zudin.

Por sua vez, o diretor geral do Centro de Informação Política, Aleksêi Mukhin, explicou porque o dinheiro americano vem à Rússia de forma clandestina. Para ele, é do interesse dos próprios patrocinadores, que se escondem do governo americano, e não do governo russo

"Nos EUA, é quase impossível entender qual entidade é da economia paralela. Os americanos são craques em disfarce jurídico. É provável que suas fundações no exterior operem na clandestinidade para não violar as leis americanas", considera o especialista.

Confira a versão completa do artigo em russo em: http://vz.ru/politics/2012/11/20/607810.html

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