Exposição em Moscou desvenda o nascimento do antigo Estado russo

Foto: Universidade Lomonosov

Foto: Universidade Lomonosov

Entre os destaque está um vestido de seda chinesa, que pertenceu a uma dama da nobreza eslava do século 10. Nenhum museu do mundo possui uma peça de vestuário tão antiga. Vestido só ficou conservado porque a dama a colocou num pequena arca de casca de bétula, que não apodrece e possui propriedades antissépticas.

O nascimento do antigo Estado russo é o tema de uma exposição exclusiva do Museu de História de Moscou. A mostra, intitulada “A Espada e o Zlatnik”, fica em exibição até 28 de fevereiro do próximo ano.

A contagem da existência do estado russo é feita a partir do ano de 862, quando  o varegue Rurik foi convidado para tomar o trono do principado de Novgorod.

A espada era um símbolo de valor guerreiro na Baixa Idade Média e o zlatnik foi a primeira moeda de ouro de cunhagem russa. O ouro era um símbolo de poder e de sua origem divina e o príncipe está representado nessa moeda com todos os seus atributos. O zlatnik se tornou moeda de facto na declaração de soberania senhorial da Rússia, que já no século 10 era um dos poderosos estados cristãos.

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Ao entrar no salão de exposições, o visitante se depara com um vestido único de seda chinesa, que pertenceu a uma dama da nobreza eslava do século 10. Nenhum museu do mundo possui uma peça de vestuário tão antiga. O vestido só ficou conservado porque a dama o colocou num pequena arca de casca de bétula, que não apodrece e possui propriedades antissépticas. 

Ao lado estavam arrumados um vestido e um bordado de linho e uma peça de tecido de lã. Mas o mais interessante é o vestido de seda, com seu corte complexo e um desenho com um sentido misterioso: um grifão selvagem sentado segura um dragão pela pata. No resto da exposição há objetos do cotidiano da época decorados com padrões complexos e armas ricamente decoradas.

Também chama a atenção um Evangelho antigo, encontrado há cem anos no sótão de um mosteiro. O manuscrito, impossível de se ser levantado por uma só pessoa, possui uma capa de madeira, revestida de couro e decorada com fio de ouro, com grandes pedras preciosas e medalhões esmaltados representando santos.

Ao lado, fica um objeto com um valor histórico do mesmo nível: um pequeno ícone em casca de bétula que diz ter sido de um dos antigos habitantes de Novgorod, onde no século 11 a totalidade da população estava absorvida pela igreja e alfabetizada, o que foi comprovado por escavações arqueológicas.

Nas escavações, foram encontradas milhares de inscrições em casca de bétula: cartas de negócios e de amor e até exercícios escolares. A casca de bétula era também usada em cartas pelos mercadores estrangeiros, como, por exemplo, os  de Gotland, que possuíam a sua casa comercial na Novgorod medieval. Uma dessas cartas, escrita com letras rúnicas no século 12, está na exposição.

“Ao contrário da Europa Ocidental, onde os escandinavos espalhavam o terror por toda a população nos séculos 9 e 10 com as suas incursões, o seu papel na Rússia foi muito construtivo. Em primeiro lugar, se sabe que Rurik foi convidado para ser príncipe pelos próprios habitantes de Novgorod. Ele fundou uma dinastia de príncipes que reinou até ao século 16. Em segundo lugar, os escandinavos desempenharam um grande papel na exploração das vias comerciais fluviais devido ao fato de terem sido, como se sabe, excelentes remadores. Foram eles quem iniciaram as grandes viagens fluviais para o Oriente, que, pouco depois, começaram a atrair também a população local, os eslavos”, diz a comissária da exposição, Veronika Murashova.

A presença de escandinavos na Rússia Antiga é confirmada pelos achados em escavações de cidades e necrópoles. A exposição do Museu de História apresenta, por exemplo, decorações femininas escandinavas. Um dos objetos surpreendentes é um freio para cavalo exatamente igual a outro encontrado num dos túmulos reais da Noruega.

Publicado originalmente no site da rádio Voz da Rússia

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