Pais será maior mercado europeu de roupas, calçados e acessórios em 2013. Foto: Corbis/Foto SA
Ao contrário do que se imagina, a Rússia é hoje encarada por investidores mais como um grande mercado consumidor que como um player na indústria de petróleo e gás. Isso é visível especialmente agora, quando os setores de serviços e de bens de consumo superam o setor energético e despontam como principal motor do crescimento do país.
Segundo Chris Weafer, estrategista-chefe de investimento no banco Sberbank, as mudanças são claras. “A história atual da Rússia é como a da tartaruga e a lebre: de um lado encontra-se o estático setor de energia, e do outro, as indústrias de consumo e de serviços com acelerado crescimento”, diz Weafer.
O crescimento contínuo da renda e do capital de investimento, juntamente ao maior apoio do governo e às vantagens da adesão à OMC (Organização Mundial do Comércio) vão proporcionar um maior desenvolvimento de setores que não estão ligados à energia, acredita o especialista.
Em 2011, a Rússia se tornou o maior mercado de leite e brinquedos infantis da Europa continental, com um valor total de US$ 22,7 bilhões em vendas. Tudo indica que no próximo ano o país irá se tornar o maior mercado europeu de roupas, calçados, acessórios e publicidade, atingindo a marca dos US$ 76,8 bilhões em vendas.
Graças ao aumento constante da renda, a Rússia está prestes a se tornar o maior mercado mundial em diversos produtos até 2018. “O crescente nível de riqueza ao longo da última década transformou a Rússia em uma país de classe média, possivelmente pela primeira vez na história”, diz o estrategista-chefe do Citigroup na Rússia, Kingsmill Bond.
Setor | Quando o mercado russo torna-se o maior da Europa | Volume estimado (bilhoes de dólares) |
---|---|---|
Vodca | Século 9 | 18 |
Telefonia celular | 2004 | 30 |
Bens para crianças | 2011 | 11,3 |
Roupas e calçados | 2013 | 72,3 |
Cerveja | 2014 | 30,3 |
Carros | 2018 | 80,3 |
E-commerce | 2018 | 103,2 |
Transportadoras | 2020 | 9 |
Fonte: BNE
A renda dos russos cresceu 16 vezes durante a década passada, partindo da média mensal de aproximadamente US$ 50, sob o governo de Boris Iéltsin, para pouco menos de US$ 800, no atual mandato do presidente Vladímir Pútin. Esse índice coloca a Rússia entre os países de renda média, de acordo com o último relatório da agência de desenvolvimento da ONU.
Se George W. Bush tivesse proporcionado o mesmo ritmo de crescimento durante seus 8 anos de governo nos Estados Unidos, a renda per capita anual dos norte-americanos teria aumentado de US$ 35.082, no ano 2000, para US$ 561.312 no início deste ano.
“Em 2004 o governo decidiu elevar os impostos sobre energia e diminuí-los em todos os outros setores. Hoje os russos desfrutam de um dos impostos sobre a renda e corporativos mais baixos da Europa”, explica Clemens Grafe, diretor-administrativo de economia de novos mercados da Goldman Sachs em Moscou. “Focar no preço do petróleo é um equívoco”, diz Grafe.
O Estado vem usando as receitas inesperadas do petróleo e gás para subsidiar a economia real, o que impulsionou uma onda de consumo na última década.
A Rússia continua a subir nos rankings, já considerada como o 11° maior mercado consumidor do mundo, segundo a empresa de pesquisas Euromonitor International, e entre os maiores mercados em diversos segmentos na Europa. A expectativa do Banco Mundial é que o PIB russo cresça de 3,5% a 4% neste ano.
A enxurrada de petrodólares estimulou o progresso econômico, e a grande presença do Estado na economia proporciona um mecanismo eficaz que se reflete sobre toda sociedade, inclusive sobre as classes menos favorecidas.
A renda per capita da Rússia cresce mais rápido do que qualquer outro grande mercado emergente do mundo nos últimos anos, chegando a cerca de US$ 21.350 no ano passado (em paridade de poder de compra), segundo o Banco Mundial, bem à frente do Brasil (US$ 11.720), da China (US$ 8.440) e da Índia (US$ 3.650).
Com uma dívida muito pequena, a maior fatia da renda dos russos é voltada ao consumo. E desde o advento do crédito em 2001, os consumidores podem multiplicar seu poder de compra por meio de empréstimos. Os créditos ao consumidor estão em alta neste ano e chegam a 43%, um nível que, segundo o Banco Central, pode até mesmo superaquecer a economia.
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