Fotos: Ricardo Marquina
Os nacionalistas russos organizaram a Marcha Russa no centro de Moscou durante a comemoração do Dia da Unidade Nacional neste domingo (4).
Realizada em Moscou desde 2005, o evento se tornou um lugar comum para todos aqueles que desejam expressar seu descontentamento em relação à política de imigração do país e outros problemas internos.
Anteriormente, as autoridades não sancionavam tais encontros e os nacionalistas os organizavam nos arredores de Moscou, motivo pelo qual poucas pessoas acabavam se reunindo.
Mas, neste ano, com a sociedade russa ganhando mais experiência em organizar protestos, as autoridades moscovitas aprovaram a manifestação dos nacionalistas e permitiram que eles realizassem a marcha na região central da cidade.
Embora o protesto fosse dedicado ao 400o aniversário da libertação de Moscou dos invasores poloneses, os nacionalistas focaram outras questões, como a imposição de regras de vistos para cidadãos dos países da Ásia Central e a abolição dos artigos referentes a “extremismo” do Código Penal, que ilegalizaram o nacionalismo extremista e inflamaram a hostilidade nacional.
Além disso, os manifestantes expressaram seu apoio à realização de eleições justas e à libertação de prisioneiros políticos.
Segundo a polícia, a marcha reuniu cerca de 6 mil participantes no início do evento, mas os organizadores do protestos alegam que 20 mil pessoas aderiram à manifestação nacionalista em Moscou. Além de ter alcançado um nível de participação histórico, o protesto foi realizada não só em mais de 40 cidades da Rússia, mas também em outros países.
“Vinte mil se juntaram a nós hoje, cem mil vão participar no dia de amanhã, até o dia que tivermos um milhão de pessoas do nosso lado”, anunciou do palanque um dos líderes do movimento nacionalista, Aleksandr Belov. “A Marcha Russa foi realizada em praticamente todos os continentes: nos EUA e Canadá, na Rússia e na Austrália.”
Os ativistas próximos ao palco seguravam bandeiras imperiais da Rússia e símbolos de suas organizações.
“Pura provocação”
Apesar da manifestação de grande escala, os veículos russos e as autoridades de Moscou não relataram incidentes graves ou “irregularidades sérias”.
No entanto, alguns ativistas de direitos humanos e vários funcionários afirmam que houve abusos durante a marcha.
“Apelos de violência e atos extremistas foram feitos durante as ações da Marcha Russa”, disse o diretor do Gabinete de Direitos Humanos de Moscou, Aleksandr Brod. “A reação da polícia é fraca. É uma pena que os nacionalistas tenham privatizado o Dia da Unidade Nacional.”
De acordo com a agência “Interfax”, vários participantes da marcha atiraram bombas de fumaça no centro de Moscou. A polícia não reagiu e a marcha prosseguiu em meio a nuvem de fumaça. Mais cedo, vários manifestantes da Marcha da Rússia tinham disparado sinalizadores em um helicóptero da polícia que pairava sobre eles.
“As máscaras usadas por alguns participantes da Marcha Russa em Moscou são pura provocação e violação da lei que regula essas ações”, disse o membro da Câmara Pública da Rússia, Maksim Grigoriev em entrevista à “Interfax”. “A polícia deve deter e acusar os infratores. Os organizadores da marcha são diretamente responsáveis por essas violações.”
Grigoriev enfatizou, contudo, que a cultura das ações em massa está apenas se desenvolvendo na Rússia. “Os participantes e organizadores estão aprendendo a realizar protestos de forma correta e não agressiva, enquanto os policiais estão aprendendo a garantir a segurança em conformidade com as leis atuais”, disse o especialista.
Rússia afora
Enquanto isso, outras cidades russas, incluindo Kazan e São Petersburgo, presenciaram consequências mais sérias dos protestos organizados pelos nacionalistas.
Cerca de 54 participantes da Marcha Russa foram detidos em Kazan neste domingo, de acordo com a “Interfax”.
As autoridades locais não autorizaram a manifestação, mas um grande número de organizações públicas de Kazan reuniram seus seguidores no centro da cidade. Elas descreveram a manifestação como a “união de um povo dedicada ao Dia da Unidade Nacional e do Dia do Ícone da Nossa Senhora de Kazan”. Os participantes acabaram sendo detidos pela polícia.
O mesmo ocorreu em São Petersburgo com os integrantes de um protesto nacionalista não autorizado. Jovens com bandeiras imperiais foram às ruas no centro da cidade e começaram a gritar “Vida longa à Rússia”. Todos foram detidos assim que os policiais chegaram ao local.
Com a agência Interfax e os veículos Forbes.rue Polit.ru
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