Aeronaves Q-400 Foto: bombardier.com
A empresa canadense Bombardier planeja iniciar a produção de um modelo de suas aeronaves na fábrica da Aviacor, parte do império do bilionário Oleg Deripaska, em Samara, nas margens do rio Volga.
Uma missão da Bombardier esteve recentemente na Rússia para discutir seus planos com autoridades do Ministério da Indústria e Comércio do país.
"O tema das conversas foi a construção de aviões turboélices regionais Q-400 na Rússia", disse o vice-ministro da Indústria e Comércio, Iúri Slusar. "Falamos não só sobre a montagem, mas também sobre a produção de algumas peças –elementos de asas, por exemplo– para o mercado global da Bombardier", completou.
"As aeronaves Q-400 montadas na Rússia deverão ter preferência às produzidas no exterior. Os clientes serão companhias aéreas russas", concluiu Slusar.
Representantes da corporação de construção aeronáutica russa Russian Machines (detentora de 61,97% das ações da Aviacor) não comentaram a notícia.
Há alguns dias, o diretor da Aviacor, Sergei Likharev, disse que a empresa estava se preparando para fechar com a Bombardier um acordo sobre a finalização, e não a montagem, de aeronaves Q-400.
Segundo Slusar, o projeto permitiria atrair novas tecnologias para a indústria aeronáutica russa. O Vnestorgbank (Banco do Comércio Exterior) ajudaria a financiar o projeto e o governo prestaria apoio à atualização tecnológica da Aviacor. Como resultado, a empresa poderia lançar cerca de 20 aeronaves por ano. Os representantes do Banco do Comércio Exterior se recusaram a comentar o assunto.
Segundo o chefe da representação oficial da Bombardier na Rússia, Sergei Ermolaev, o interesse do governo por projetos como esse é compreensível pois há a necessidade urgente de restaurar o mercado russo de transporte aéreo regional.
“Mas, por enquanto, não recebemos nenhuma proposta", disse Ermolaev.
A Q-400 tem 78 assentos e alcance de até 2.500 km. No catálogo, o preço de uma versão avançada é de cerca de US$ 126 milhões.
Demanda
Ermolaev reconhece, entretanto, que a localização da produção na Rússia pode ser de interesse para a Bombardier em termos de otimização dos custos. A empresa tem experiência de operação no México e na China, mas as formas de cooperação usadas nesses dois países são diferentes.
Segundo Slusar, no caso da Rússia, examina-se a hipótese de criação de uma joint venture. "Agora, o objetivo de nossas conversas é tornar o projeto bem sucedido comercialmente e não simplesmente consoante com a decisão política do governo", disse o vice-ministro.
Há um mês, o presidente russo, Vladímir Pútin, pediu ao Ministério dos Transportes e ao Ministério da Indústria para "dobrarem seus esforços para o desenvolvimento do transporte aéreo regional". Nos próximos 20 anos, a demanda no segmento será de centenas de aviões, enquanto a frota de aeronaves russas está muito desatualizada, esclarece Ermolaev.
Sem opções
A indústria aeronáutica russa não tem nada a oferecer para substituir as aeronaves regionais atuais, que estão obsoletas. Para Slusar, os principais produtos da CAU (Corporação Aeronáutica Unificada), por exemplo, são aviões a jato de médio curso, que não servem para as linhas regionais.
A Aviacor, outrora produtora de aviões Tu-154 e a mais rentável da indústria aeronáutica soviética, tentou iniciar a produção de aviões regionais. As quatro aeronaves lançadas, no entanto, têm tecnologia ultrapassada, afirma o editor-chefe do portal avia.ru, Roman Gusarov.
Originalmente publicado pelo jornal vedomosti.ru
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