Projeto permite usuário alugar horta e acompanhar seu crescimento online

Ilustração: i-ogorod.ru

Ilustração: i-ogorod.ru

Ideia é do presidente do fundo de capital de risco Sinergia das Inovações, Vadim Lobov, para quem “as pessoas devem ter o direito de consumir frutas, legumes e hortaliças ecologicamente corretos”

Em Moscou, cultivar uma horta está deixando de ser apenas meio de subsistência para se tornar um serviço de luxo para abastados que seguem um estilo de vida saudável.

Por meio do projeto iOgorod (iHorta), os interessados podem alugar um canteiro e observar via webcam como agrônomos profissionais cuidam de seus terrenos em um parque de estufas na aldeia de Ostrovtsi, nos arredores de Moscou. Os frutos colhidos são levados até a casa dos clientes.

A ideia de fazer uma horta semi-interativa foi do presidente do fundo de capital de risco Sinergia das Inovações, Vadim Lobov. Na primavera de 2011, o fundo investiu US$ 1 milhão no projeto, entre aluguel de estufas, caminhões de terra e montagem das câmeras para os usuários observarem os trabalhos agrícolas via internet.

Numa época de prateleiras cheias de vegetais cultivados em lã de vidro e em hortas hidropônicas e de frutas amadurecidas à força em câmaras de metano, as pessoas devem ter o direito de consumir frutas, legumes e hortaliças ecologicamente corretos, acreditam os autores do projeto.

Por isso, os agrônomos envolvidos no iHorta cultivam as culturas em sistema orgânico sem uso de quaisquer herbicidas ou pesticidas químicos, utilizando fertilizantes naturais e água de um poço artesiano para a irrigação.

O capricho de consumir vegetais ecologicamente corretos é bastante caro. O interessado tem de pagar o aluguel mensal de seis mil rublos (cerca de US$ 190)  por um canteiro de 600 metros quadrados e esperar cerca de seis meses para provar os frutos colhidos de sua horta.

"Nossos clientes são pessoas abastadas que se preocupam com o que comem", diz Gennadi Medétski, diretor executivo do fundo Sinergia das Inovações.

"Devemos entender que os legumes vendidos em lojas não são ‘verdadeiros’  alimentos. Poderia chamá-los de ‘comida Frankenstein’. Quem não quer consumir alimentos artificiais e tem dinheiro para evitá-lo, pode nos contatar", completa.

Inverno

No último verão, mais de 50 canteiros foram alugados. Com a chegada do outono e do frio, no entanto, o número de arrendatários diminuiu para menos de dez.

"A temporada de plantio acabou e muitas culturas como morangos, pimentas, pepinos e tomates não podem ser cultivadas no frio", explica Medétski, que calcula em cerca de 30 mil o número de potenciais clientes do projeto em Moscou.

Retorno à terra

Famílias com crianças são os clientes mais frequentes. É o "retorno à terra" da famílias abastadas. 

"Um dia, recebemos um telefonema de um homem rico dizendo que seu filho só comia batata chips e barras de chocolate", diz Medétski. "Perguntei ao menino se ele comeria algo que tivesse plantado e cultivado com as próprias mãos. O menino, que jogava o “Fazendeiro Feliz” no Vkontakte [maior rede social da Rússia], disse que sim. Concedemos a ele um canteiro para plantar cenouras. Mais tarde, ele comeu com prazer a cenoura de que cuidou sozinho", salienta Medítski.

Segundo Medétski, para o fundo Sinergia das Inovações, o iHorta é antes um hobby do que um negócio.

"Não há explorações agrícolas que pratiquem agricultura orgânica na Rússia. No resto do mundo, o número de tais empresas é muito pequeno, pois a agricultura orgânica é extremamente desvantajosa. Não temos a menor intenção de competir com as empresas  focadas na produção de hortaliças para o consumo em massa", afirma Medétski. "Os investimentos iniciais no projeto já foram quase todos aplicados e só serão amortizados entre cinco a sete anos", acrescenta.

Enquanto isso, a diretoria do fundo já pensa em captar novos investimentos para o iHorta.

"Precisamos de mais US$ 5 milhões para alugar novas estufas. Não descartamos a hipótese de instalar estufas na região de Vladímir. Lá tudo é mais barato, embora o custo da logística possa aumentar muito", diz Medétski, que acredita que os produtos ecologicamente corretos têm bom futuro em Moscou.

Publicado originalmente pelo Moscow News

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