Transações com conhecimento

Foto: TASS

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É possível ganhar dinheiro com educação? Sim, se você criar um produto necessário e torná-lo acessível a um grande público. E quanto a universidades online, com aulas das melhores instituições de ensino superior?

A situação anda de um jeito que as universidades russas não têm oferecido as aulas e palestras de que os alunos do ensino superior precisam. Por isso, eles estão começando a buscar alternativas ao esquema tradicional das faculdades, principalmente como autodidatas que estudam pela internet.

Por enquanto, as ofertas de ensino online na Rússia ainda não são populares: 90% dos recursos disponíveis para estudo na rede oferecem cursos em inglês, o que nem sempre é adequado. Além disso, na rede há poucas aulas sobre temas aplicáveis às necessidades de quem mora na Rússia (por exemplo, aulas sobre o sistema fiscal ou as particularidades da participação em licitações federais).

A ideia é a seguinte: criar um sistema de educação online para usuários que falam russo. Como um análogo mais próximo, podemos citar o site norte-americano Coursera, que oferece aulas gratuitas de professores de instituições de ensino como a Universidade de Michigan ou Stanford. Cada curso reúne alguns milhares de inscritos e costuma ter uma duração de 8 a 10 semanas. Mas esse projeto não é comercial (pelo menos, por enquanto). Só que nós precisamos ganhar dinheiro e isso pode ser feito nesse mesmo esquema.

O site apresenta uma pequena “universidade online”, em que o usuário escolhe cursos de temas variados, de acordo com seu interesse. Os cursos são oferecidos com certa periodicidade e para ter acesso aos vídeos das aulas é preciso se matricular. A duração pode ser de 6 a 8 semanas. O professor fica à vontade para aplicar provas e avaliar os resultados (por meio de uma interface específica). Se o tema assim permitir, o curso pode ser bem curto. Por exemplo: uma única aula com duração de 2 a 3 horas. Os cursos são dados por professores de diferentes universidades e a temática pode ser bastante variada (desde humanidades até temas técnicos) – o importante é que reúnam uma quantidade suficiente de alunos. Para os estudantes, a reserva da vaga e a participação no curso são gratuitas. Os temas devem ser bem concretos: “Particularidades da participação no sistema de compras do governo”, “Inglês para negócios”, “A pintura russa depois da dissolução da URSS”, “A história do setor econômico da internet na Rússia” etc.

Nessa etapa, é preciso criar um site de trabalho, tarefa relativamente barata. O mais difícil é negociar com várias universidades, a fim de atrair professores famosos. Os cursos não devem ser simplesmente a reprodução de aulas normais, mas sim atividades especialmente elaboradas e gravadas para o novo sistema. Portanto, o tempo de quem participa do projeto será gasto, principalmente, na ampliação da base de cursos e na busca de professores. 

A monetização do projeto é complexa. Em primeiro lugar, pode ser uma publicidade online em pequena quantidade. O público de nosso projeto é inteligente e, potencialmente, tem condições de conseguir uma boa renda. Podemos deixar gastos operacionais fora da propaganda.

Em busca de ganho real é preciso pensar global. Por exemplo, organizar atividades de ensino especiais em várias grandes cidades com base em estabelecimentos de ensino e cobrar um pequeno valor pela participação. Para esse tipo de empreendimento, precisamos atrair palestrantes e especialistas interessantes, realizar workshops, organizar feiras de recrutamento em conjunto com grandes empresas (e receber delas alguma renda). Além disso, com o passar do tempo, é possível criar conteúdos pagos especiais. Por exemplo, tarefas individuais com os professores (ou seja, algum sistema online com professor particular) ou consultas sobre ingresso em universidades russas e estrangeiras. Também é possível limitar a quantidade de aulas pagas disponíveis por ano e cobrar uma taxa anual caso o usuário queira fazer mais cursos anualmente.

Nesse projeto, o importante para obter sucesso é oferecer materiais de ensino realmente interessantes, com recursos e temas específicos e que não caíam no raio de ação dos programas educativos regulares das universidades. Só assim será possível reunir um público interessante, fiel e devotado ao serviço.

Leonid Frolov  é cofundador da web startup Venture Street, com sede em Moscou

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