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A notável redução do custo da energia levará à modernização da produção e à tentativa dos EUA de retomar parte da fabricação no próprio país. Segundo avaliação do diretor do Instituto de Problemas da Globalização, Mikhail Deliaguin, cerca de um quarto da produção que anteriormente saíra do país em função da força de trabalho mais barata na Ásia pode voltar aos Estados Unidos.
O principal concorrente da América do Norte, a China, fica atrás dos EUA no processamento do xisto e pode utilizar o gás de xisto apenas para 7% do seu consumo, afirmam os especialistas da Agência Internacional de Energia (AIE).
Na Rússia, rica em gás natural, costumam ver com ceticismo projetos de gás de xisto. No entanto, também os especialistas russos reconhecem que os resultados da revolução do xisto são significativos para o mercado mundial dos fornecedores de energia.
A redução dos preços do gás no mercado norte-americano até um nível inferior a 100 dólares por mil metros cúbicos no decorrer dos primeiros sete meses de 2012 reorientou rapidamente o setor energético.
Nos EUA, o petróleo praticamente desapareceu da geração de energia elétrica e o gás penetra ativamente também no setor de transporte, conforme anunciou o diretor do Departamento de Gás, Carvão e Energia Elétrica da AIE, Laszlo Varro.
A redução do preço da energia, além de sustentar visivelmente a capacidade de concorrência dos EUA em função da aproximação de uma fase aguda de crise global, ainda permite a reindustrialização.
Os Estados Unidos transformam-se em zona de energia barata, de modo semelhante ao que aconteceu certa época com a União Soviética e com os países do Comecon (Conselho para Assistência Econômica Mútua) que recebiam energia dela, declarou Mikhail Deliaguin.
A reindustrialização, por sua vez, vai manter a exportação do gás norte-americano no mercado internacional. Laszlo Varro, por exemplo, diz acreditar que, na perspectiva de médio prazo, os EUA podem exportar apenas cerca de um terço dos volumes atuais da exportação russa de gás.
Enquanto isso, a China intensifica sua demanda por gás. Até 2030, haverá um aumento de mais ou menos quatro vezes (acima de 400 bilhões de metros cúbicos), segundo calculam os especialistas do Centro Energético da Escola de Negócios Skôlkovo. Além disso, o crescimento da extração de gás por meios não tradicionais na China levará ao aumento do consumo sem afetar o nicho de mercado para importações.
Na variante básica de prognóstico, a extração de gás por meios não tradicionais consistirá ao todo em 50 bilhões de metros cúbicos; em outras previsões, no máximo, em 150 bilhões (com importações de 200 bilhões).
O problema da China consiste também no fato de que, na Ásia, há ainda, no mínimo, dois grandes compradores de gás liquefeito: o Japão e a Índia. De acordo com avaliação dos especialistas da Skôlkovo, a demanda por gás no Japão vai crescer, até 2030, aproximadamente um terço, aumentando 120 bilhões de metros cúbicos.
Os especialistas da AIE dizem acreditar que o Japão, tendo tomado a decisão de renunciar ao poderio atômico, na verdade não poderá fazer isso.
“Nós não acreditamos que, em pouco tempo, o Japão seja capaz de renunciar à energia atômica, pois esse é um país extremamente povoado”, afirmou Varro. Segundo ele, para substituir inteiramente a energia atômica, seria preciso aplicar quantias gigantescas de dinheiro e eleger uma das maiores reservas internacionais de gás inteira.
Atualmente, as fontes de gás no mercado são muitas. Parte do fluxo do gás natural liquefeito (GNL) que antes era “assimilado” pelos EUA chega à Ásia. Além disso, em breve, a fonte de GNL da Austrália vai jorrar no mercado, embora lá o gás seja mais caro por que parte dele é extraída da plataforma continental.
No decorrer das próximas duas décadas, vão surgir no mercado recursos da Sibéria Oriental e do Extremo Oriente da Rússia; até 2030, o seu potencial, na avaliação de especialistas do Centro Energético da Escola de Negócios Skôlkovo, atingirá 110 bilhões de metros cúbicos.
Grandes reservas de gás foram descobertas na África, na plataforma continental da Tanzânia e de Moçambique, e a sua rota geográfica direta é o mercado asiático. Mas, uma vez que ambos são pobres, esses dois governos terão de buscar investidores estrangeiros para exploração das reservas.
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