Foto: TASS
A petrolífera russo-britânica TNK-BP deve definir já em 2013 seus planos para monetização do gás de poços brasileiros. Christopher Einchcomb, vice-presidente da companhia, anunciou o início da sondagem por compradores do gás brasileiro.
A TNK-BP está fixando seus planos para exploração das reservas brasileiras de
gás e petróleo. A empresa russo-britânica, junto à brasileira HRT Oil &
Gas, vai realizar trabalhos de prospecção geológica para posterior exploração
das reservas do Solimões, na Amazônia. Para tanto, criou-se a companhia TNK-Brasil
para a qual, ainda em janeiro, a HRT concordou em transferir 45% de seus 21
blocos na bacia do Solimões por US$1 bilhão.
“A entrada da TNK-BP no mercado brasileiro é um marco para seu desenvolvimento
e um passo significativo para ela se tornar uma companhia com operações de
nível mundial”, disse à Gazeta Russa o diretor do Departamento de Programas
Internacionais da TNK-BP, Thomas Kean.
As reservas do Solimões são avaliadas em mais de 120 bilhões de metros cúbicos
de gás. De acordo com avaliações das empresas envolvidas, o poço será um dos
maiores do mundo, e o início da exploração comercial está previsto já para o
final deste ano.
Desde o início dos trabalhos nas reservas, entretanto, somente nove poços foram
perfurados. A justificativa é que o Solimões encontra-se em uma região de
difícil acesso e que a TNK-BP e a HRT tiveram problemas com o transporte dos
equipamentos de prospecção geológica.
“Não temos permissão para derrubar uma árvore sequer durante o processo.
Trabalhamos com muito cuidado para poder atender aos mais elevados padrões de
segurança ambiental”, conta Kean.
Apesar do difícil acesso aos poços representar um ponto negativo, o Brasil
apresenta vantagens à exploração pela companhia russo-britânica. Entre elas, a
perfuração em solo brasileiro é muito mais barata do que na Rússia, devido às
avançadas tecnologias utilizadas na abertura dos poços e na prospecção
geológica.
“A TNK-BP traz um grande know-how para o projeto. A empresa já perfurou mais de
30 mil poços em condições extremas. Na Sibéria, temos poços em locais
distantes, onde a temperatura varia 100° C ao longo do ano [de -60° C no
inverno a 40° C no verão]”, afirma Kean.
Clientes potenciais
A TNK-BP pretende vender os recursos explorados a empresas locais que
atualmente trabalhem com diesel, mas que estejam prontas para mudar para o gás.
Na possível clientela estão ainda companhias energéticas e produtores de
fertilizantes.
“Em 2011, o Brasil extraiu 16,7 bilhões de metros cúbicos de gás e consumiu
26,7 bilhões de metros cúbicos. Portanto, com contratos de longo prazo já
fechados, a HRT e a TNK-BP vão conseguir vender todo o volume de gás extraído
dos poços”, diz Iulia Voitovitch, analista da consultoria Investkafe.
Um provável concorrente da TNK-BP no mercado latino-americano são os EUA, que
recentemente registraram um súbito crescimento do volume de gás extraído de
formações de xisto. Em 2020,
a extração norte-americana de gás de xisto deve
ultrapassar os 270 bilhões de metros cúbicos anuais.
Mas dificilmente isso afetará o projeto da TNK-BP, segundo Grigóri Birg,
analista da Investkafe. “O Brasil importa gás natural da Bolívia, do Catar e da
Nigéria. Por isso, a ‘revolução do xisto’ nos EUA não tem força para afetar o
projeto brasileiro desenvolvido pelas empresas TNK-BP e HRT”, acredita Birg.
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