Kaspersky Lab vai lançar sistema operacional de defesa

O fundador de Kaspersky Lab, Evguêni Kaspersky. Foto: RIA Nóvosti

O fundador de Kaspersky Lab, Evguêni Kaspersky. Foto: RIA Nóvosti

O fundador da desenvolvedora russa de softwares para proteção de computadores Kaspersky Lab, Evguêni Kaspersky, divulgou em seu blog que a empresa está desenvolvendo um sistema operacional próprio. A tecnologia deverá proteger estabelecimentos industriais do ataque de hackers e armas cibernéticas. 

Apesar de os rumores a respeito do assunto terem começado a aparecer nos meios de comunicação ainda no primeiro semestre deste ano, o projeto de um sistema operacional próprio foi finalmente confirmado pelo fundador da empresa russaKaspersky Lab nesta terça-feira (16).

 

“Estamos trabalhando também em tecnologia, mais concretamente em um sistema operacional protegido, destinado a sistemas de informações de importância crítica [Industrial Control Systems, ICS]”, declarou Kaspersky em seu blog.

 

O criador de um dos antivírus mais disseminados no mundo justifica a necessidade de um sistema operacional desse tipo ao explicar que os usuários comuns e as redes de computadores de escritórios diferem significativamente dos sistemas de informações industriais, tanto no plano da segurança quanto na funcionalidade.

 

“Em empresas comuns, o mais importante de tudo é a confidencialidade das informações. No sistema de informações industriais, a prioridade está na manutenção da capacidade de trabalho. Só depois disso se pensa em proteção”, escreveu Kaspersky.

 

A vulnerabilidade dos sistemas operacionais e do software de gerenciamento em estabelecimentos industriais com frequência está relacionada com o fato de que raramente se renova o esquema e, consequentemente, os pontos vulneráveis do trabalho não são corrigidos.

 

Outro perigo, na opinião de Kaspersky, vem da atividade de algumas estruturas governamentais. “A questão é que alguns setores certificam o software de gerenciamento para funcionar em sistemas de importância crítica, enquanto outros elaboram [em um tempo relativamente curto] armas cibernéticas para ataque aos sistemas do adversário”, afirma.

 

O vírus Stuxnet e os subsequentes Duqu, Flame e Gauss, por exemplo, são projetos tão complexos que se tornam possíveis apenas com apoio técnico e financeiro de estabelecimentos muito potentes.

 

Na tentativa de se proteger de ameaças à informação, o governo utiliza atualmente dois recursos. O primeiro é o isolamento, tanto informativo quanto físico, dos estabelecimentos importantes, o que pressupõe ficar fora da internet. O segundo são ações preventivas de proteção das informações importantes – o aumento do sigilo.

 

O Laboratório Kaspersky pretende criar um terceiro recurso, uma variante alternativa de defesa contra ameaças externas. Isto é, um sistema operacional protegido no qual funcionarão sistemas ICS e que poderá ser inserido na infraestrutura preexistente de controle da “saúde” dos sistemas para garantir o recebimento de informações confiáveis.

 

Em entrevista ao veículo “Cnews”, a representante da empresa de antivírus Agnitum, Liubov Putsko, afirmou que, atualmente, quase não há soluções prontas nesse campo.



“Fala-se do Windows, que conta com a confiança de setores importantes, mas ele não é muito seguro, e os vírus contra os iranianos mostraram isso”, disse Putsko.

 

“O famoso QNX, sistema operacional em tempo real, é a sua especialidade. “Mas, para a visualização dos processos e gerenciamento, de qualquer modo, é preciso usar o Windows. Evidentemente, é esse problema que o ‘Laboratório Kaspersky’ quer eliminar”, acrescentou a especialista.

 

Renat Iussupov, vice-presidente sênior da empresa Kraftway, que está desenvolvendo um BIOS protegido, afirma que o Kaspersky Lab possui recursos suficientes para desenvolver, divulgar e manter um sistema operacional próprio.

 

“Outra questão é saber se a empresa será capaz de convencer os desenvolvedores de controladores e de sistemas de gerenciamento de processos tecnológicos a usá-lo. Nessa hora, não é possível passar sem o apoio de legisladores e reguladores”, contrapõe Iussupov.

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