Cônsul-geral da Rússia em São Paulo, Mikhail Troiánski. Foto: Arquivo pessoal
Em primeiro lugar, esclareço que está absolutamente fora da prática dos nossos diplomatas de carreira imiscuir-nos nos assuntos internos do país, como, por exemplo, as eleições municipais em São Paulo, onde exerço a minha função. Eu não quero fazer nenhum comentário quanto aos candidatos; possivelmente tenho minhas próprias simpatias, mas acerca disso não creio que seja o momento de falar.
Estou aqui no Brasil há um ano. Sinto-me à vontade para afirmar que as primeiras eleições que acabo de ver me impressionaram muito. Chamou-me a atenção a ordem, assim como o alto nível democrático. Também apreciei a forma como a polícia manteve a disciplina nas ruas. Quero expressar a minha admiração.
Eu estive, no último domingo, em diferentes partes da cidade de São Paulo. E testemunhei que não se sentia nenhuma dificuldade, absolutamente, de caminhar. Eu passeei acompanhado por um hóspede de Moscou, o diretor de teatro, senhor Adolf Shapiro, que dirigiu aqui o espetáculo “Pais e Filhos”. Suas impressões também foram favoráveis. Ele disse que nem parecia haver eleição, tudo estava magnificamente em ordem.
O único ponto negativo, talvez, mas não sei se pode dizer que seja negativo, foi a grande quantidade de papel jogado nas ruas. Mas isto se limpa, é normal. O mais importante foi o comportamento das pessoas. Isto quer dizer que o processo democrático no Brasil já tem muito a ensinar a outros países.
No que se refere à Rússia, para nós só se passaram duas décadas e nós estamos dando os primeiros passos nessa linha. Apesar de já termos ultrapassado um certo caminho, para a história, vinte anos não é muito. Mas já fizemos um enorme progresso, embora nem sempre reconhecido pela imprensa brasileira.
Em mais algum tempo, creio que não haverá mais dúvidas sobre a evolução democrática da Rússia. Afinal, os problemas acontecidos em eleições russas não são mais graves que em outros países.
Todas as campanhas eleitorais são parecidas entre si. Na Rússia também temos propaganda eleitoral, com cartazes nas ruas, horário gratuito na TV, urnas eletrônicas. Mas aquele que perde sempre acusa os que ganharam. Com todos os “defeitos” apontados pelos críticos exacerbados, é impossível comparar o processo eleitoral na Rússia com tudo aquilo que tínhamos há vinte anos. E tenho a certeza que vamos progredir muito mais.
Temos muito boas relações entre nossos órgãos de eleições e os órgãos de eleições brasileiros. Há pouco tempo, o senhor Vladímir Tchurov, presidente da Comissão Eleitoral Central esteve em visita oficial a Brasília. Durante os encontros mantidos foi constatado o objetivo comum de consolidar as nossas respectivas democracias.
Artigo produzido pelo jornalista Alex Solnik com base em declarações concedidas pelo cônsul-geral da Rússia em São Paulo, Mikhail Troiánski.
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