Valentin Makarov, presidente da Russoft. Foto: Álvaro Motta
Liderados por Valentin Makarov, presidente da Russoft (associação que congrega as companhias de TI da Rússia), 20 representantes de 13 companhias russas privadas e estatais, estiveram de 4 a 8 de outubro em visita a São Paulo e ao Rio de Janeiro.
O motivo do deslocamento dos empresários foi fazer contatos com o mercado brasileiro, que movimenta hoje 112 bilhões de dólares por ano no segmento e cresce de 8% a 12% anuais.
“O ano passado foi atípico, e crescemos apenas 8%”, diz Antonio Gil, diretor-executivo da Brasscom, entidade que reúne as companhias brasileiras de TI.
“Esse encontro e a vinda do Valentin Makarov foram muito importantes para a gente entender o que a Rússia está fazendo e, ao mesmo tempo, explicar o que nós estamos fazendo. Agora vamos descobrir maneiras de fazermos coisas juntos, porque hoje as relações são praticamente inexistentes”, disse Gil à Gazeta Russa durante o 3° Brasscom
Global IT Forum.
O antivírus Kaspersky
O esguio e simpático Makarov, que fala muito rapidamente, concorda com Gil.
“O potencial em TI não está totalmente realizado entre nossos países. Primeiro, porque a indústria de TI na Rússia também está em desenvolvimento, apesar de haver companhias mundialmente conhecidas. Segundo, porque houve um tempo em que o mercado latino-americano foi subestimado pela Rússia, apesar de ser muito bom para as companhias do nosso país”, diz o diretor-executivo da Russoft.
Antonio Gil, diretor-executivo da Brasscom. Foto: Álvaro Motta
No Brasil já há vinte companhias russas de TI atuantes. Algumas têm sucessos retumbantes, como o antivírus Kaspersky. Mas isso é muito pouco para um país com tanta presença mundial.
A Alemanha, em comparação, começou a instalar suas empresas de TI no Brasil há 30 anos. Naquela época, Brasil e Rússia sequer sonhavam em estabelecer algum tipo de acordo nessa área. Hoje há algo em torno de 1.200 empresas de TI alemãs no país.
“Seria uma desgraça que um país de 200 milhões de habitantes e outro de 160 milhões não pudessem encontrar meios de trabalhar juntos”, afirma Gil.
“Exportação e importação, parcerias, intercâmbio de pessoal: agora é o momento. A oportunidade de trazer para cá russos no pico da pirâmide é importantíssima”, completa.
No topo
De acordo com Gil, a Rússia poderia contribuir com o Brasil, por exemplo, em engenharia de software. “É uma área em que a Rússia está no topo”, afirma.
“O problema que dificulta em parte a comercialização com o Brasil é a falta de financiamento do governo para empresas russas de TI exportarem”, explica Makarov.
Entre as possibilidades de parceria bilateral citadas pelo diretor-executivo da Russoft, há sistemas de comando por voz russos que já foram implantados no México e no Equador, soluções de TI sofisticadas relacionadas a projeções de resultados econômicos para governos, em áreas relativas a explorações geológicas, prognósticos financeiros, segurança, tecnologias para o setor petroleiro e de gás.
“Softwares russos utilizados pelas companhias de aviação americanas e europeias, como a Boeing, poderão ser utilizados pela Embraer”, acredita Makarov.
Sócios
Segundo Makarov, o mercado russo de TI cresce 22% ao ano. Entretanto, sua fatia equivale a 1% do PIB russo, enquanto no Brasil o setor corresponde a 4% do PIB.
O Brasil é também o sétimo mercado interno e o quinto mercado de TI do mundo. “Empregamos 2,5 milhões de pessoas e vamos precisar de mais 1 milhão em 10 anos”, explica Gil.
Assim, os russos têm motivos de sobra para querer dialogar com o país.
“A Rússia não quer ser um competidor do Brasil, quer ser sócia”, arremata Makarov.
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