Foto: AP Photo / David J. Phillip
Um escândalo no estilo da Guerra Fria foi deflagrado nos Estados Unidos depois de um grupo de supostos espiões liderados por um “agente russo não registrado” ser detido na semana passada.
Onze pessoas foram acusadas de aquisição ilegal de microelementos de alta tecnologia para uso por serviços de defesa e militares russos, segundo denúncia federal apresentada no Brooklyn.
Algumas reportagens publicadas pela imprensa russa nos últimos dias sugeriram, contudo, que o caso pode ter sido plantado diante das futuras eleições presidenciais nos Estados Unidos.
Política pré-eleitoral
“Em qualquer país, e os Estados Unidos não é uma exceção, às vésperas de uma eleição importante, especialmente um processo tão visado quanto o voto para presidência norte-americana, existem escândalos envolvendo a Rússia”, disse, em entrevista à agência de notícias Itar-Tass, o ex-chefe do FSB (Serviço Federal de Segurança da Rússia) e agora membro do comitê de defesa na Duma de Estado (câmara dos deputados na Rússia), Nikolai Kovaliov.
Os “agente russos” descobertos provavelmente agiam em nome de uma empresa privada, segundo Kovaliov. “Tecnologias ocidentais, especialmente para va’rios itens técnicos, não são adequadas para o setor de defesa [russo]”, completou. As peças importadas não são seguras para uso, já que seus fabricantes podem achar um meio de controlar o funcionamento do mecanismo.
Itens para sistemas militares
As peças supostamente exportadas para a Rússia poderiam ser usadas “em uma ampla gama de sistemas militares, incluindo radares e sistemas de vigilância, sistemas de orientação de armas e acionadores de detonação”, de acordo com comunicado publicado no site do Gabinete da Procuradoria dos EUA.
Uma fonte do setor de fabricação de defesa russa disse à agência de notícias Interfax que a empresa moscovita Apex System LLC, acusada no caso, não possui conexão com o setor de defesa nacional.
O chefe da companhia, Serguêi Klinov, um dos três suspeitos que não foram presos, disse que as acusações foram motivo de surpresa e que estava investigando a situação, segundo informações do Izvéstia. Assim como os outros acusados, ele está atualmente na Rússia.
Uma fonte do setor de defesa, entretanto, disse que a Apex poderia ser uma empresa usada para importar partes de outro país. “Em alguns produtos, de 90 a 95% de seus componentes são produzidos no exterior”, acrescentou.
De acordo com o documento publicado, o grupo vem se “envolvendo em uma conspiração clandestina e sistemática” desde 2008.
O líder do grupo, Aleksandr Fichenko, 46, cidadão naturalizado norte-americano que também possui passaporte russo, foi acusado de lavagem de dinheiro e de atuar como um agente não registrado do governo russo. Ele e sua mulher eram os proprietários da empresa Arc Electronics Inc., em Houston, que era usada para seu esquema de importação ilegal, segundo as autoridades norte-americanas.
O FBI (polícia federal dos Estados Unidos) invadiu o escritório da companhia na última quarta-feira (3), confiscando 18 caixas de documentos.
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