O mamute foi levado para Dudinka, capital da península de Taimir, região localizada no extremo setentrional da Eurásia continental. Os restos foram descobertos a três quilômetros da estação meteorológica Sopkarga, onde o garoto de 11 anos vive com sua família.
Salinder, também conhecido como Jênia, contou sobre a descoberta aos pais, que informaram os cientistas.
“Apesar de não ser comum dar nome aos restos de animais ancestrais adultos, esse mamute foi chamado de Jênia – em homenagem ao garoto que encontrou o animal”, explica o vice-deputado do Instituto de Zoologia da Academia de Ciências da Rússia, Aleksêi Tikhonov.
O animal será oficialmente conhecido como “mamute Sopkarginski”, em referência a região onde foi descoberto.
O peso total dos restos mortais é de mais de 500 kg, e incluem a metade direita do corpo, com tecidos moles, pele e pelos, o crânio com uma orelha, um dente, vários ossos e até mesmo órgãos reprodutivos, de acordo com o comunicado publicado no site de governo de Dolgano-Nentski.
Os restos encontrados na tundra de Taimir pertenciam a um mamute do sexo masculino, que morreu aos 15 ou 16 anos a aproximadamente 30 mil anos atrás.
A extração dos restos congelados levou uma semana. Além de picaretas e pás, os cientistas tiveram que utilizar um caldeira geradora de vapor para auxiliar no processo.
Não havia descobertas desse tamanho e com tecido tão bem preservado desde 1901, quando outro mamute foi encontrado perto do rio Berezovka, em Iakútia. É a segunda carcaça mais bem preservada de mamute em toda a história da paleontologia.
Pesquisa e exposição
O mamute foi levado para Dudinka em um helicóptero e colocado em um câmara de gelo. Toda a documentação necessária deverá ser concluída com a administração local antes que os restos mortais comecem a ser estudados pelos principais paleontólogos de Moscou e São Petersburgo.
A Academia de Ciências da Rússia já havia anunciado planos de clonar um mamute com a Universidade Kinki, no Japão, onde cientistas vem trabalhando em clonagem de animais pré-históricos há 15 anos. Os especialistas sugerem que elefantes indianos seriam ideais como base do experimento, pois seu DNA é o mais próximo do código genético dos mamutes. Ainda não está claro se a recente descoberta irá afetar os planos divulgados anteriormente.
A primeira análise mostrou que a corcova do mamute é composta por gordura, como a do camelo, e não representa uma continuação de sua estrutura óssea.
“Essa corcunda foi observada pela primeira vez em pinturas paleolíticas e todo mundo se perguntava o porquê de sua existência”, diz Tikhonov. “Acreditava-se que era parte da imensa coluna vertebral desses animais. Mas percebemos que, na verdade, essa espécie era extremamente adaptada à vida em altas latitudes, armazenando grande quantidade de gordura para o inverno.”
Depois que os restos forem estudados, o mamute Jênia será transferido para o Museu de História Natural de Taimir, onde ficará em exposição.
Originalmente publicado pelo The Moscow News
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