Fundador e diretor-geral do Yandex, Arkádi Voloj. Foto: Yandex.ru / Press Photo
Desde a última segunda-feira (1), o Yandex, um dos maiores sites de busca do mundo, lançou seu próprio navegador.
Fundador e diretor-geral do Yandex, Arkádi Voloj explica que a iniciativa se deu devido ao aumento da concorrência no mercado internacional de ferramentas de busca e à pressão exercida por seu principal concorrente, o Google.
Vedomosti.ru:O que levou sua empresa a entrar no mercado altamente competitivo dos navegadores de internet?
Arkádi Voloj: Antes, nossa estratégia era integrar nossos produtos a plataformas alheias e não competir com essas.
Assim seguimos até que, há alguns anos, as coisas começaram a mudar e os desenvolvedores começaram a engolir uns os outros.
E, com o Google promovendo seu navegador Chrome, os concorrentes começaram a cair.
V.R.: O Google diz que errou ao não usar o Yandex como buscador padrão da versão russa do Chrome...
A.V.: Por que, então, eles não corrigem o erro há mais de um ano? O que está acontecendo agora é uma ameaça à neutralidade na rede, defendida anteriormente por todos os players.
Antes, o princípio fundamental era a abertura de todos os serviços, plataformas e dispositivos, agora isso já está no passado.
Colaboramos, durante muito tempo, com o Mozilla. Mas a empresa fechou um acordo com o Google e o Yandex deixou de ser o buscador padrão do Firefox.
Foi aí que ficou claro que não poderíamos mais esperar para criar nosso próprio navegador.
Mantemos relações muito boas com o Opera, estamos construindo juntos uma plataforma.
V.R:Isso significa que vocês podem vir a comprar o Opera?
A.V.: Ou eles poderiam nos comprar? (Risos). Não, não significa. Somos parceiros e estamos satisfeitos com isso.
Apple, Google, Microsoft oferecem suas ferramentas aos usuários. O que os desenvolvedores independentes devem fazer nessa situação?
Antes, pensávamos: “Somos uma empresa pequena, não podemos produzir tudo”. Por isso, focamos nos serviços, achando que não perderíamos nosso setor de distribuição.
As coisas seguiram assim até a Apple excluir o Google Maps de seus produtos. Como resultado, mudamos nossa estratégia.
É sempre muito difícil fazer isso, porque é preciso construir uma plataforma e todos os serviços baseados nela, e o produto precisa funcionar imediatamente no mundo todo para amortizar as despesas.
Essa é outra razão para levarmos nossos serviços ao mercado mundial. O produto tem sempre primazia sobre a plataforma e, se uma plataforma não tem um bom produto, isso prejudica a imagem dos desenvolvedores e da própria plataforma.
A Microsoft está prestes a lançar o Windows 8 e precisa de produtos que funcionem com esse sistema operacional. Por isso, busca desenvolvedores. Quando há uma dependência mútua, há possibilidade de alianças.
V.R:O Yandexplaneja defender seus interesses junto às autoridades antimonopólio?
A.V.: Por enquanto, consideramos que a internet é aberta. Quando começar uma "guerra", só iremos criar aplicativos para as plataformas amigas.
Se a situação não estiver a nosso favor, é possível que optemos por criar também uma plataforma móvel. Para tanto, temos a empresa SPB Software. Usaremos seus produtos para viabilizar esse projeto.
Por outro lado, a criação e promoção de uma plataforma própria implica recursos enormes e a mudança de foco da empresa. Assim, tentaremos evitar isso o quanto pudermos.
V.R:Passaram-se quase seis meses desde que o Yandex fez sua IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês). Muitas empresas de capital abertodizem que após o IPO têm que pensar sempre nos investidores e se sentem incomodadas em tocar seus negócios com a mesma liberdade de antes. É assim com o Yandex?
A.V.: Não estamos muito preocupados por sermos empresa de capital aberto. O Yandex era uma empresa bastante grande já antes de fazer o IPO.
Assim, o IPO não mudou muita coisa em nossa empresa. Já estávamos em contato direto com nossos investidores antes, e sempre os mantivemos informados sobre nossas finanças.
V.R:O senhor disse recentemente que o Yandex faz buscas globais e que planeja indexar o maior número possível de sites na web russa e internacional. Como estão as coisas nesse sentido?
A.V.: Indexamos dezenas de bilhões de documentos. Agora temos um índice que tem as mesmas proporções dos maiores motores de busca do mundo.
Estamos entre os maiores buscadores mundiais. Só o Google e o Bing têm um índice do mesmo tamanho do nosso.
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