Ações russas batem economias em desenvolvimento, exceto China

Foto: AP

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Investidores estrangeiros injetaram US$ 196 milhões em ações russas nas duas últimas semanas. Entre as economias em desenvolvimento, a Rússia só ficou atrás da China. Ainda assim, os especialistas analisam esse êxito com cautela.

O fluxo de investimentos em ações russas na semana de 19 a 26 de setembro chegou a 104 milhões de dólares, segundo dados do Emerging Portfolio Fund Research (EPFR), superando o indicador da semana anterior (US$ 92 milhões).

Nem a dinâmica negativa do índice RTS perturbou os investidores. Dos países em desenvolvimento, só a China conseguiu bater a Rússia em volume de recursos investidos, com 247 milhões de dólares nesta semana. A Índia e o Brasil ficaram bem atrás, com US$ 54 e US$ 74 milhões, respectivamente.

“É o maior índice de investimentos orientados para a Rússia nas últimas oito semanas. Os sinais são promissores”, diz Angelika Genkel, principal analista do Alfa-Bank.

Na voz do especialista

“Nos próximos meses, espero que o rublo se valorize. Tradicionalmente, a nossa moeda vive em um meio próprio e depende fortemente do dólar e do euro. Se examinarmos a situação econômica atual como um todo, então o rublo, objetivamente, já devia ter começado a se valorizar. O petróleo hoje está em alta, as exportações superam as importações e o volume da balança comercial total continua extremamente alto. Mas o principal fator que reprime a valorização é a fuga de capitais. Em outras palavras, o dinheiro das vendas de exportação entra no país, mas a valorização correspondente do rublo não se materializa fisicamente. Eu acho que, nos próximos meses, essa tendência será reduzida. Não até zero, é claro, mas o bastante para sustentar a moeda nacional.”

Vladímir Pantiuchin, economista-chefe do banco Barclays na Rússia e nos países da Comunidade dos Estados Independentes

Em 13 de setembro, o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) anunciou uma nova rodada em sua política de estímulo, que prevê a aquisição mensal de títulos hipotecários no valor de 40 bilhões de dólares.

A decisão das autoridades monetárias diminuiu o entusiasmo dos investidores, mas a onda de pessimismo não chegou ainda aos mercados em desenvolvimento.

“A Rússia, como antes, parece relativamente bem, confirmando a nossa tese sobre a reação retardada dos fundos de investimentos de ativos russos”, destaca um representante do banco de investimento russo UralSib Capital.

Previsão de queda

Os especialistas apontam também uma série de fatores preocupantes para o mercado russo. Apesar da dinâmica positiva apresentada nas últimas semanas, alguns fundos de investimento estão encerrando a sua presença na Rússia.

Neste ano, um dos principais fundos de ações do mundo, o Blackrock, reduziu o peso da Rússia em seu portfólio de 0,7% em 30 de abril para 0,3% no terceiro trimestre (no final de janeiro, o indicador era de 0,9%).

Esses ativos foram vendidos na sequência da venda de títulos russos pelos fundos de investimento sueco Vostok Nafta e americano Third Millennium Russia.

“Eles veem com maus olhos os investimentos no país”, diz um dos dirigentes do portfólio de uma grande empresa de investimentos.

Em agosto, quando o Third Millennium Russia fechou seus negócios, o presidente e fundador do fundo, John Connor, disse que os investidores norte-americanos já não tinham confiança em investimentos em mercados em desenvolvimento.

“A rentabilidade do fundo [seu volume máximo é igual a US$ 190 milhões] foi drasticamente reduzida neste ano, após um crescimento de 20% em janeiro e fevereiro”, confirmou a agência de notícias Bloomberg, ao relatar que os fundos orientados para mercados em desenvolvimento perderam a confiança dos investidores após a crise de 2008.

Originalmente publicado pelo jornal Gazeta.ru

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