O capitão do Zenit e titular da seleção russa, Ígor Denísov, 28, recusou-se a entrar em campo no jogo contra o Krília Sovétov no último sábado (22) em protesto pela diferença salarial entre Hulk e os demais jogadores. A atitude apoiada pelo atacante Aleksandr Kerjakov resultou no afastamento de ambos do time principal.
A situação foi complicada pelo fato da diretoria e dos principais jogadores do clube não terem uma visão comum do incidente. “Ígor é um bom jogador, mas vive em seu próprio mundo”, declarou o diretor-geral do Zenit, Maksim Mitrofanov, após o ocorrido.
“Conversamos com o Ígor e deixamos bem claro que ele tem um dos melhores contratos da Rússia e não há razões para revê-lo”, completou o diretor do clube.
Denísov insiste na falta de equilíbrio da contratação. “Compramos alguns bons jogadores, mas são realmente tão melhores do que os atuais líderes da equipe para merecer ganhar três vezes mais?”, critico o jogador em entrevista ao jornal Sport Express.
Com a ajuda de um intérprete, o atacante brasileiro tentou abordar o assunto com os líderes da equipe para conhecer as causas do descontentamento, mas os russos foram irredutíveis e se recusaram a falar com ele. O agente de Hulk preferiu não fazer comentários a respeito da polêmica.
Apesar dos comentários em torno de sua contratação, o jogador brasileiro começou a demonstrar seu potencial na equipe durante o jogo contra o Krília Sovétov, ao marcar um dos gols que salvou o Zenit da derrota.
“No primeiro tempo fomos um pouco passivos, mas no segundo conseguimos inverter a situação”, comentou Hulk após a partida que terminou em empate por 2 a 2. “Pena não termos conseguido marcar o terceiro. Acho que o Zenit reúne ótimos jogadores, o que facilita minha missão na equipe”, acrescentou o atacante.
Hulk abriu o placar contra o Baltika nesta terça-feira (25), ajudando a conquistar sua primeira vitória pelo Zenit por 2 a 1. O atacante somava três derrotas e um empate em seus quatro primeiros jogos pelo clube de São Petersburgo.
Até tu, Pútin?
“A diretoria do clube russo deveria ter previsto que os jogadores locais que construíram a equipe ficariam descontentes com o salário altíssimo de Hulk. Mas o brasileiro é um jogador muito bom e não tem culpa de nada”, defende o campeão europeu em 1960, Víktor Ponedélnik.
O português Danny, um dos líderes do Zenit e parceiro de Hulk, também tentou explicar a origem do conflito. “Se você quiser ter um bom jogador, tem que pagar por isso. Basta ver os outros times que desejam contratá-lo, como Real Madri e Juventus.”
Enquanto isso, o ex-diretor do Zenit e atual gerente do Fakel Voronej, Konstantin Sarsânia, condena a postura de Ígor Denísov, apesar de não ver sentido na contratação de Hulk. “Não fica bem um jogador contar o dinheiro alheio. Mesmo assim, a diretoria do Zenit deveria ter considerado nossas realidade, evitando uma diferença tão grande entre os salários dos recém-contratados e dos demais jogadores.”
Sarsânia acredita que se o Zenit tivesse comprado, por exemplo, o atacante ucraniano Andrêi Iarmólenko em vez de Hulk, esse tipo de problema dificilmente existiria.
O conflito no Zenit chegou a tal ponto que até mesmo o presidente russo Vladímir Pútin se pronunciou sobre o assunto. A contratação de jogadores estrangeiros, segundo Pútin, “tem pontos tanto positivos quanto negativos”.
“São as empresas, e não o governo, que compram jogadores”, disse o presidente durante a reunião do Conselho Presidencial de Cultura e Artes, na última terça-feira (25), em resposta ao comentário de que o dinheiro gasto com a compra de jogadores estrangeiros caros poderia ser investido em projetos culturais.
“A torcida russa quer ver as estrelas do futebol mundial, não as que estão em declínio, mas as que estão em ascensão”, acrescentou Pútin.
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