Homens ainda dominam o espaço

Valentina Tereshkova  Foto: RIA Nóvosti

Valentina Tereshkova Foto: RIA Nóvosti

Apesar de concurso da agência espacial russa ter selecionado algumas mulheres, elas continuam sendo vistas como “sexo frágil” fora da Terra. Especialistas expõem as diversas razões pelas quais os homens ainda parecem mais adequados para realizar voos espaciais.

O recente concurso da agência espacial russa Roscosmosselecionou algumas mulheres para participação em seus projetos futuros. O número exato será mantido em segredo até o momento da apresentação pública dos resultados.

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Ainda assim, a cosmonáutica continua sendo uma profissão predominantemente masculina. E, se em outras potências da área, mulheres com trajes espaciais conquistam cada vez mais as alturas, essa tendência ainda não se consolidou na Rússia.

Atualmente, há uma única mulher na equipe da Roscosmos. Elena Serova participa do grupo desde 2006, mas seu destino no campo espacial não está claro, já que até o momento não foi designada para nenhum voo.

Elena Serova Foto: gctc.ru

Pouco sucesso

 

A história da equipe feminina de cosmonautas russas já conta meio século. Em 1962, foram selecionadas cinco mulheres entre mil pretendentes ao posto: a engenheira Irina Soloviova, a matemática Valentina Ponomariova, a tecelã Valentina Tereshkova, a professora Janna Erkina e a secretária Tatiana Kuznietsova.

Em junho de 1963, na plataforma de lançamento, duas delas apareceram em trajes espaciais, Valentina Tereshkova e Irina Soloviova. Quando Irina colocou o capacete, a cápsula hermética rompeu-se na região do pescoço. Foi preciso substitui-lo rapidamente pelo capacete de Ponomariova.

Se o capacete de Tereshkova tivesse se rompido, não haveria como trocá-lo por causa da diferença de altura, e então a primeira mulher astronauta do mundo teria sido Irina Sovoliova.

Os resultados de pesquisas sobre a influência do espaço sobre a saúde das mulheres estão longe de ser otimistas.

Eis alguns pontos do último relatório da Nasa, agência espacial norte-americana, sobre o tema:

1. O nível de radiação no momento do voo em órbitas terrestres baixas e, ainda mais, no espaço aberto, é tão grande que prejudica a possibilidade posterior de engravidar

2. As condições do espaço podem levar à ausência de ovulação e à redução do nível de estrogênio. Somado ao restante, aumenta a perda de cálcio dos ossos, levando à osteoporose (mais acentuada em mulheres do que em homens)

3. Na falta da força de gravidade, o estancamento do sangue no interior dos órgãos da bacia pode aumentar o risco de endometriose, doença hormonal dos órgãos sexuais femininos

4. Antes do voo espacial, é recomendável que todos os tripulantes façam a coleta e armazenamento de óvulos e espermatozoides caso planejem ter filhos no futuro

Aparentemente, o voo triunfal de Tereshkova não abalou a confiança do construtor-chefe Koroliov de que as mulheres são profissionalmente inadequadas para a carreira espacial. O último grupo feminino foi dispensado “por impossibilidade de utilização”, após a morte de Koroliov no outono de 1969.

Depois da eliminação do recrutamento feminino, no Centro de Preparação de Astronautas restou somente Tereshkova. Ela permaneceu na equipe até 1997, mas numa condição meramente formal.

Limitações

O chefe do setor de patologia sexual do Hospital de Ciências e Pesquisas da Aviação e especialista em cosmonáutica, Rotislav Beleda, alega que os voos espaciais afetam negativamente todas as funções vitais do organismo feminino e, sobretudo, aquelas relacionadas à esfera reprodutiva.

Nenhuma das astronautas norte-americanas engravidou após os voos. Os homens também apresentaram problemas de impotência depois de voos de longa duração. 

Outra estatística oficial norte-americana relatou disfunções sexuais em 63% dos astronautas e em 80% das astronautas.

A continuidade da espécie em órbita, segundo a sociedade científica internacional, também está fora de questão. A tripulação da Estação Espacial Internacional realizou experimentos com filhotes de codorniz japonesa nascidos no espaço. Pouco tempo depois, todos os filhotes morreram – uns a bordo e os demais durante a aterrissagem.

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