Foto: Reuters/Vostock Photo
As bolsas de valores russas terão a possibilidade de gerar contratos com prazo para títulos de emissores estrangeiros. O Serviço Federal de Controle dos Mercados Financeiros (FSFR) da Rússia introduziu as mudanças correspondentes nos atos normativos.
Os participantes do mercado não esperam grande procura pelos novos instrumentos financeiros, mas consideram que esses contratos podem se tornar uma alternativa legítima a serviços semelhantes oferecidos por corretores Forex (mercado internacional de divisas).
Hoje em dia, o principal obstáculo à criação desses instrumentos com prazo é a necessidade de circulação dos títulos nas bolsas russas.
Os emissores estrangeiros que pretendem fechar contratos com prazo para seus títulos devem ser residentes em países-membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), membros ou observadores do Grupo de Ação Financeira Internacional ou integrantes do Comitê de Especialistas do Conselho da Europa, que cuida da avaliação de medidas de combate à lavagem de dinheiro e ao terrorismo financeiro.
As ações e certificados de ações emitidos por instituições depositárias devem ser submetidos à listagem de um organizador de negócios da relação de bolsas estrangeiras do Serviço Federal russo. Na relação atual, há 73 bolsas, entre elas, as maiores praças do mundo – Nova Iorque, Frankfurt, Hong Kong e Tóquio.
Quanto às exigências quantitativas, esses títulos equiparam-se aos russos. O volume médio mensal de transações nos últimos três meses em todas as bolsas não pode ser inferior a 250 milhões de rublos; a capitalização, não menos de 25 bilhões de rublos.
Essas mesmas exigências são feitas às cotas e ações de fundos de investimento. Os contratos com prazo podem ser fechados com base em obrigações de emissores estrangeiros cuja classificação de capacidade de crédito de longo prazo de acordo com obrigações de divisas corresponda ao nível ВВВ da Fitch Ratings and Standard & Poor's ou ao Bаа3 da Moody's.
Para o Serviço Federal de Controle dos Mercados Financeiros da Rússia, “quanto maior o número de contratos diferenciados, maior o número de oportunidades e, consequentemente, de clientes”. Na concepção do Serviço Federal, o surgimento nas bolsas de contratos com base em títulos estrangeiros “afeta positivamente o mercado como um todo”.
No entanto, os participantes do mercado encaram com ceticismo os novos instrumentos, uma vez que muitos dos contratos com prazo negociados atualmente na bolsa de Moscou não desfrutam de popularidade.
Cabe lembrar que, em 6 de junho deste ano, a bolsa iniciou negócios com contratos futuros baseados nos índices dos Brics. Em três meses, o volume total de negócios com os novos instrumentos somou apenas 50 milhões de rublos, enquanto o volume de negócios com futuros de setembro baseados no índice RTS fechou em 77,5 bilhões de rublos apenas ontem.
Segundo o diretor administrativo do mercado com prazo da Bolsa de Moscou, Roman Suljik, o projeto do Serviço Federal russo, simplifica de modo significativo as possibilidades da bolsa de criar novos instrumentos com prazo.
Ele afirma, entretanto, que isso não significa que a bolsa tenha intenção de gerar novos contratos sem pensar no mercado e em suas necessidades. “Agora o nosso foco está no desenvolvimento de projetos já realizados”, acrescenta Suljik.
Mesmo assim, os novos instrumentos podem encontrar o seu nicho no mercado. “Esse tipo de contrato talvez se popularize entre participantes com pouco capital, que não podem se permitir uma entrada direta nas praças estrangeiras de negócios”, diz Aleksandr Ospischiev, diretor de desenvolvimento de Acesso Direto ao Mercado (DMA, na sigla em inglês) da financeira russa Otkritie.
Nessa forma, eles podem ser concorrentes também dos serviços dos corretores Forex. “Os contratos com prazo baseados em ações de empresas estrangeiras podem se tornar uma alternativa legítima aos contratos de ações estrangeiras que propõem corretores Forex situados fora do campo jurídico russo”, arremata o diretor administrativo da empresa Alor, Serguêi Khestanov.
Texto originalmente publicado pelo jornal Kommersant
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