Embaixada dos Estados Unidos na Líbia. Foto: AP
O lançamento de um filme que retrata de forma desrespeitosa o profeta Maomé causou uma onda de violência contra as embaixadas norte-americanas no Oriente Médio e levou à morte do embaixador na Líbia, Chris Stevens. Mas os eventos não farão com que a administração dos Estados Unidos revejam sua política para a região, afirma o presidente do Instituto de Estudos sobre o Oriente Médio, Evguêni Satanóvski:
Vzgliad: O senhor acha que agora a diplomacia norte-americana vai corrigir seus erros e que a secretária de Estado, Hillary Clinton, e seus colegas vão perceber que não deviam ter apoiado cegamente os rebeldes no ano passado?
Evguêni Satanóvski: Não, isso é impossível. Só aquele que é capaz de fazer autocrítica e analisar seus atos pode corrigir seus erros. Esse não é o caso de muitas pessoas engajadas na atual política norte-americana, que virou um espetáculo.
Vzgliad: Por que as agitações populares eclodem em mais e mais países árabes? Em quais outros países podemos esperar um novo surto de ódio pelos Estados Unidos?
E.S.: Novas ondas de manifestações antiamericanas podem surgir em qualquer país árabe cujo governo não tem controle da situação porque o sentimento antiamericanista na região é muito forte.
Por um lado, os países que estamos tratando não têm um partido centralizado forte, capaz de controlar a situação. Por outro, o atual clima nesses países faz lembrar a situação na Pérsia no século 19, quando os radicais islâmicos mataram o embaixador russo, Aleksandr Griboedov.
Vzgliad: Que consequências esse acontecimento terá para a corrida eleitoral nos EUA e para a popularidade de Barack Obama?
E.S.: O presidente Obama vestirá um terno e gravata adequados e, ao fazer uma pose adequada, dirá as palavras corretas em voz adequada. Ele é populista e sabe agradar ao público.
O candidato republicano Mitt Romney quase se igualou a Obama no quesito popularidade. No entanto, Obama ainda tem muitas chances de salvar as aparências. A presente situação vai ajudá-lo.
A notícia sobre o lançamento do filme "A Inocência dos Muçulmanos", que mostra de maneira desrespeitosa o profeta Maomé, apareceu na mídia no aniversário dos atentados terroristas de 11 de setembro.
Nesse mesmo dia, na Líbia, um ataque com foguetes contra o edifício do consulado dos EUA em Benghazi matou seu embaixador na Líbia, Christopher Stevens, o assistente dele e dois fuzileiros navais que cuidavam da segurança da missão diplomática norte-americana.
A morte do embaixador em Benghazi foi o primeiro incidente do gênero nos últimos 33 anos. O último havia sido em 1979, no Afeganistão, quando o embaixador dos EUA no país, Adolph Dubs, foi sequestrado e assassinado.
Também ocorrem protestos antiamericanos no Iêmen, Egito e Irã. No Iêmen, a embaixada dos EUA foi atacada. No Cairo, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão frente à missão diplomática norte-americana.
O governo da Nigéria, temendo provocações por parte grupo islâmico Boko Haram, mandou reforçar a segurança da embaixada dos EUA.
Para versão na íntegra da entrevista em russo, acesse: http://vz.ru/politics/2012/9/13/597985.html
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