Ilustração: PhotoXPress
No dia seguinte à reunião sobre a situação no setor espacial russo, realizada na última segunda-feira (10), sob o comando do primeiro-ministro russo, Dmítri Medvedev, seu vice, responsável pela indústria de guerra e setor espacial, Dmítri Rogózin, sugeriu um ambicioso plano para reconquistar o prestígio da cosmonáutica russa.
“Sugiro a construção de uma estação lunar”, disse o governante em uma entrevista à emissora de rádio Vesti FM. “Ao concorrer com outros países na área da exploração espacial, devemos ter estabelecer uma meta grandiosa, cuja realização possa impulsionar o desenvolvimento da ciência e da indústria e nos afaste dos problemas dos últimos 20 anos”, disse o vice-primeiro-ministro, acrescentando ainda o impacto político gerado pela medida.
A reunião do dia anterior havia sido dedicada à busca de soluções específicas para remediar a situação calamitosa do setor espacial russo. Inúmeros acidentes dos últimos tempos, equipamento totalmente desgastado, falta de profissionais competentes, gerenciamento ineficaz da produção, grande escassez de veículos espaciais são alguns dos problemas que exigem uma solução imediata.
No entanto, a declaração de Rogózin contrasta com as diretrizes apontadas pela diretoria da agência espacial russa Roscosmos.
O documento “Estratégia de atividades espaciais até 2030”, aprovado pela cúpula da agência em 2011, prioriza a necessidade de “enviar expedições a uma base lunar orbital e realizar trabalhos de manutenção de grandes naves espaciais e reboques interorbitais em órbitas circunterrestres”. O relatório se refere também à construção de uma rede de estações de pesquisa em Marte.
“Para financiar a estratégia, seriam necessários de 5 a 6 bilhões de dólares por ano, comentou o presidente da Roscosmos”, Vladímir Popóvkin, na ocasião.
A princípio, a Roscosmos planejava continuar a exploração da Lua somente após 2030. No entanto, em julho deste ano, Popóvkin declarou a alguns jornalistas que uma missão tripulada à Lua seria possível se fosse confirmado que o satélite natural da Terra tinha água.
Ele também afirmou que a presença humana na Lua seria necessária para a atividade científica, mas não deu mais detalhes sobre o projeto.
No mundo da lua
O tema da exploração da Lua é uma constante nos planos das autoridades do setor espacial e, segundo a mídia especialista, envolve o cumprimento de três etapas.
Na boca dos especialistas
O comentarista da revista russa Notícias da Cosmonáutica, Ígor Lísov, não concorda com a ideia de realizar voos especialistas tripulados. “Hoje em dia, a presença humana no espaço é uma má opção”, dispara. De acordo com o diretor da revista, Ígor Marínin, a Roscosmos terá de triplicar seu orçamento para construir uma estação lunar orbital e sextuplicá-lo para instalar uma base permanente na Lua.
Na primeira fase, prevista para iniciar em 2015, as sondas Luna-Resurs e Luna-Glob serão enviadas à Lua, e uma delas irá explorar o Polo Sul.
Em seguida, a partir de 2020, os novos carros lunares Lunokhod-3 e Lunokhod-4 deverão operar na superfície. Além de serem menores, terão uma vida útil maior do que seus antecessores soviéticos. A previsão é de que os veículos sejam capazes de percorrer as regiões polares da Lua durante um período de até cinco anos e se afastar do local de pouso a uma distância equivalente a 30 quilômetros.
Já na terceira e última etapa, em 2023, uma sonda equipada com um foguete de retorno será enviada à Lua para recolher o material lunar coletado pelo carros lunares.
Os carros lunares e a sonda constituirão os primeiros elementos da infraestrutura de um campo de provas lunar com vistas à futura instalação de uma base lunar da Rússia.
No entanto, por mais audazes que tais planos pareçam, não há base material nem tecnológica para concretização dos projetos.
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