"China se opõe e condena todas as formas de terrorismo", reitera Bingguo Foto: AP
Rossiyskaya Gazeta: É de conhecimento geral que as relações sino-russas alcançaram níveis sem precedentes nos últimos anos e os dois países tornaram-se verdadeiros parceiros estratégicos. No futuro, quais são as principais áreas em que as partes pretendem fortalecer os laços?
Dai Bingguo: A China e a Rússia estão passando por uma fase importante. Ambas as partes apresentam boas oportunidades de desenvolvimento, além de complementares. Por serem os principais parceiros em termos de cooperação, o relacionamento bilateral tem um potencial enorme. E os dois países devem permanecer firmes no desenvolvimento de um amplo relacionamento estratégico.
No futuro próximo, a tarefa central é implementar planos de desenvolvimento para as relações sino-russas ao longo da próxima década, bem como fazer com que seus líderes cheguem a um consenso sobre as perspectivas de cooperação.
Entre as atividades a serem colocadas em prática, devemos ampliar o apoio político mútuo para preservar nossas respectivas soberanias nacionais, segurança, desenvolvimento e outros interesses centrais.
Também é preciso aproveitar ao máximo a cooperação pragmática, sobretudo em grandes projetos estratégicos, aumentando a qualidade e a escala da parceria econômica, e esforçando-se para alcançar a meta de US$ 100 bilhões em comércio bilateral antes de 2015.
Além disso, devemos aumentar o intercâmbio cultural, sobretudo entre os jovens, aprofundando a compreensão mútua e a amizade entre os povos, assim como fortalecer a coordenação em assuntos internacionais. Nosso trabalho conjunto deve promover o desenvolvimento da ordem internacional em uma direção mais justa e ponderada, incentivando a paz, a segurança e a estabilidade não só da região, mas do mundo inteiro.
RG: A Rússia e a China têm assumido uma postura consistente em votações sobre a Síria na ONU, atitude condenada por alguns países ocidentais. Que medidas a China deve adotar na próxima reunião das Nações Unidas?
DB: A situação síria torna-se cada vez mais grave, pois a crise continua atenuada e gera preocupação em todos nós. A China se opõe e condena todas as formas de terrorismo e quaisquer atos de violência contra civis inocentes.
Para resolvermos o problema de uma vez por todas, devemos nos concentrar em uma solução política, e pressionar todos os lados a aceitar o cessar-fogo imediato. O comportamento da comunidade internacional sobre a questão da Síria deve respeitar os objetivos e princípios da Cartilha das Nações Unidas e as normas básicas das relações internacionais.
É preciso ajudar a acalmar a situação tensa na Síria, promover o diálogo político, resolver o conflito e preservar a paz e a estabilidade no Oriente Médio.
A China não tem interesses próprios nessa questão e sempre manteve uma posição justa e objetiva. Respeitamos a escolha do povo sírio, sem tomar partidos, e somos contra interferir na política interna de outros países e forçar a mudança de regime.
Com responsabilidade e compromisso, assumimos uma postura ativa na promoção de negociações de paz. Participamos de forma construtiva das discussões da ONU, utilizando a nossa posição para apoiar e cooperar com os esforços de mediação de Kofi Annan, enviado especial da ONU e da Liga dos Países Árabes.
Realizamos todos os esforços possíveis para implementar as resoluções do Conselho de Segurança e do relatório apresentado pelos ministros das Relações Exteriores do Grupo de Ação sobre a Síria.
RG: Como o lado chinês vai responder à mudança estratégica dos Estados Unidos em direção à região Ásia-Pacífico?
DB: A crise financeira internacional ainda apresenta consequências profundas e a recuperação da economia mundial caminha a passos lentos.
Nesse contexto, a Ásia-Pacífico mantém um ritmo de crescimento relativamente estável e rápido e as perspectivas são geralmente boas, tornando a região uma importante força motriz da recuperação e do crescimento da economia mundial.
Esse é o resultado dos esforços coletivos dos países dessa área, e reflete o fato de que a paz, a estabilidade e o desenvolvimento são tendências comuns na região.
Esperamos que os Estados Unidos estejam em sintonia com as tendências atuais da Ásia-Pacífico, bem como alinhados com as aspirações dos países da região. É preciso preservar a estabilidade, reforçar a cooperação e estabelecer um desenvolvimento comum. Temos expectativa de que os EUA respeite e proteja os interesses e as preocupações legítimas desses povos, e que contribua para sua estabilidade e prosperidade.
Os EUA estão de um lado do Oceano Pacífico e China está do outro. Ambos devem trabalhar em conjunto, explorar modelos de ganho mútuo e de convivência pacífica, concorrência construtiva e interação positiva na região Ásia-Pacífico.
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