União Aduaneira Rússia-Bielorrússia-Cazaquistão foi instituída em 2010 Foto: ITAR-TASS
Pela primeira vez na história do comércio mundial, uma união aduaneira poderá acolher um Estado que não faz fronteira com os demais países-membros. Empenhada em desenvolver ativamente seu Extremo Oriente, a Rússia pretende admitir o Vietnã no grupo e, assim, obter acesso aos mercados do Sudeste Asiático sem qualquer mediação chinesa.
“Esperamos que, com uma forte vontade política da liderança de nossos dois países e de nossos parceiros, a Bielorrússia e o Cazaquistão, possamos iniciar esse processo em breve e finalizá-lo com a assinatura de um acordo sobre a adesão do Vietnã à União Aduaneira”, disse, em uma entrevista coletiva na Rússia, o presidente do Vietnã, Truong Tan Sang.
O governo vietnamita enviou a Moscou sua proposta de acordo de livre comércio ainda no ano passado. Recentemente, a assessora do presidente russo para os assuntos econômicos, Elvira Nabiullina, confirmou a possibilidade de um acordo.
A declaração do líder vietnamita sobre a eventual adesão de seu país à União Aduaneira pode estimular outros potenciais candidatos, tais como Ucrânia, a encarar o grupo de forma mais favorável.
“O alargamento da União Aduaneira é indispensável. Quanto maior for o número de países membros, mais eficaz e importante o grupo se tornará”, afirma o analista da agência Investcafe, Anton Safônov.
O anúncio sobre um acordo de livre comércio pode ser feito na cúpula do Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), que será realizada em Vladivostok no próximo mês.
Vantagens mútuas
As economias do Vietnã e dos países-membros da União Aduaneira se complementam. As exportações vietnamitas são constituídas principalmente por artigos têxteis, calçado, arroz, café e frutas tropicais. Com exceção dos artigos têxteis, cuja produção é forte na Bielorrússia, todas as demais mercadorias já são importadas pelos Estados do grupo.
Se a entrada do Vietnã for concretizada, a União Aduaneira conseguirá alargar consideravelmente seu mercado interno. Com 90,5 milhões de habitantes, O Vietnã iria se tornar o segundo maior país em população do bloco.
Além disso, cada Estado-membro do tem seu próprio interesse em desenvolver relações comerciais com o Vietnã.
A joint venture russo-vietnamita Vietsovpetro responde, por exemplo, por mais de 50% da produção nacional de petróleo no Vietnã. Em conformidade com um acordo assinado em dezembro de 2010, a empresa continuará suas atividades nesse país até 2030.
Outra joint venture russo-vietnamita, a RusViet Telecom, opera na construção da rede LTE de quarta geração. O investimento previsto será da ordem de US$ 400 milhões e as obras deverão ser concluídas em três anos.
Além disso, o Vietnã examina a possibilidade de a Rússia instalar um ponto de logística no porto de Cam Ranh, onde havia antigamente uma base naval da União Soviética.
O desejo de ampliar a cooperação econômica com o Vietnã também foi expresso pela Bielorrússia, que pretende usar o território vietnamita para produção de itens competitivos não só no mercado interno, como também no exterior.
Já Cazaquistão, que não não tem acesso ao mar aberto e não pode contornar a China para entrar diretamente nos mercados do Sudeste Asiático, ganharia uma nova rota comercial.
Setor financeiro
Com a modernização do setor bancário no Vietnã, as empresas russas que desenvolvem plataformas bancárias e de sistemas eletrônicos nacionais de pagamentos estão prontas para abocanhar um novo mercado.
As estatísticas refletem essa evolução das relações econômicas e comerciais entre a Rússia e o Vietnã. Nos cinco primeiros meses de 2012, o comércio bilateral aumentou 54,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
Embora o valor do atual intercâmbio comercial entre os dois países não seja muito grande, o percentual do Vietnã no comércio externo russo aumentou de 0,38 % para 0,4 %, no início deste ano. Esse índice é o dobro do comércio da Rússia com Cingapura, um dos maiores centros de negócios do Sudeste Asiático.
Estima-se que, em 2012, as trocas comerciais entre a Rússia e o Vietnã irão ultrapassar US $ 4 bilhões.
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