Vocalista do Red Hot Chili Peppers já conversou sobre a Pussy Riot com Madonna Foto: Vladímir Astapkovitch/RIA Nóvosti
O Tribunal do Distrito de Khamovnitcheski, em Moscou, também declarou que o presidente Vladímir Pútin e o patriarca Kirill não serão convocados para depor no julgamento, a ser transmitido ao vivo pelo site do órgão. O tribunal exigiu ainda que as acusadas nomeiem novos advogados.
Em meio a um crescente coro de músicos internacionais, os advogados de defesa afirmaram ter esperança de que Madonna reforce a causa do grupo nos shows que realizará em Moscou, em 7 de agosto, e São Petersburgo, no dia 9.
“Ela pode chamar a atenção de pessoas muito poderosas em nível internacional e, assim, pressionar as autoridades russas”, disse o advogado Mark Feigin por telefone.
O vocalista da banda norte-americana Red Hot Chili Peppers, Anthony Kiedis, já conversou sobre a situação do Pussy Riot com Madonna e enviou mensagens sobre o caso para o cantor irlandês Bono Vox, informou Feigin.
Os representantes de Madonna ainda não se pronunciaram sobre o assunto. No entanto, ao que tudo indica, a cantora norte-americana não deve permanecer calada.
Não seria a primeira vez que ela critica as autoridades russas. Madonna já havia prometido anteriormente denunciar a lei antigay de São Petersburgo durante seu show, mesmo com risco de ser presa ou multada.
O trio do Pussy Riot pode pegar até sete anos de prisão sob a acusação de vandalismo. As cantoras foram detidas pela suposta ligação com a oração anti-Pútin entoada por quatro mulheres mascaradas na Catedral Cristo Salvador, em fevereiro deste ano.
Fama internacional
“O Red Hot Chili Peppers enviou uma carta de apoio aos advogados do Pussy Riot”, disse Feigin.
“Aplaudo sua coragem, rezo pela sua liberdade e tentarei informar o maior número possível de pessoas sobre o que está acontecendo com vocês”, diz a carta, de acordo com o site Gazeta.ru, que cita o marido da ré Nadejda Tolokonnikova.
O Red Hot Chili Peppers e a banda britânica Franz Ferdinand manifestaram apoio ao Pussy Riot durante os shows na Rússia na última sexta-feira e sábado. No início de julho, o Faith No More já havia convidado as integrantes do Pussy Riot a se apresentar com a banda na capital russa.
Segundo Feigin, a atenção internacional está mantendo o caso vivo. “As autoridades esperam que depois de colocar o Pussy Riot atrás das grades, todo mundo irá esquecê-las. Agora não mais”, arrematou o advogado.
Decisões ilegítimas
Nesta segunda-feira, 23, o tribunal rejeitou o pedido dos advogados de defesa, que exigiam o interrogatório de 34 pessoas no banco de testemunhas, incluindo Pútin e o patriarca Kirill.
A polícia deteve duas pessoas que protestavam a favor do Pussy Riot ao lado de fora do tribunal, segundo a agência Interfax.
Os ativistas de direitos humanos também criticaram as sentenças, e a chefe do Grupo Helsinki de Moscou, Ludmila Alekseieva, pediu para as autoridades libertarem as roqueiras e restituí-las pelos meses passados na prisão.
Segundo Alekseieva, o período de detenção não corresponde ao suposto crime. Além disso, duas das acusadas possuem filhos pequenos, o que, segundo a lei, permite ao tribunal mostrar misericórdia.
Ainda assim, na última sexta-feira, 20, o tribunal estendeu a pena até 2013.
Ontem, o órgão ordenou que novos advogados sejam nomeados, ainda que cada uma delas já tenha um representante jurídico.
A decisão viola as normas processuais e a ética legal, disse Violetta Volkova, atual advogada de uma das rés, à agência Interfax.
Não ficou claro se o tribunal quer substituir a atual defesa ou forçá-las a trabalhar com novos advogados, mas Volkova disse que os réus iriam rejeitar os profissionais designados pelo tribunal. Nenhum advogado novo foi nomeado até então.
Na próxima segunda-feira, 30, o julgamento deve começar com a leitura do processo , seguido pelas observações do crime e o posicionamento da defesa.
Texto baseado em informações do The Moscow Times
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