Brasileiro à beira de recorde empaca na Rússia

"Além de superar o recorde, vou divulgar o Brasil para o mundo", diz Walter Foto: Eduardo Fleury

"Além de superar o recorde, vou divulgar o Brasil para o mundo", diz Walter Foto: Eduardo Fleury

Depois de passar pelos Estados Unidos, Canadá, Groenlândia, Islândia, Escócia, Inglaterra e Alemanha, jovem piloto destinado a entrar no livro dos recordes completou a primeira fase da viagem em um monomotor e estava prestes a seguir rumo à Rússia. Foi então que o grande desafio começou.

Determinado a se tornar o piloto mais jovem a dar a volta ao mundo a bordo de um monomotor e deixar seu nome no livro dos recordes, o “Guinness World Records”, o paulista Walter Toledo, 20 anos, resolveu investir na expedição “Brasil Voando Alto”.

“A ideia surgiu no final do ano passado, quando vi a notícia de que o jamaicano Barrington Irving, com 23 anos, tinha realizado algo semelhante”, conta o jovem piloto. Os recursos para viagem, estimada em R$ 200 mil, foram provenientes de sua própria empresa.

Toledo, que começou seus estudos aos 16 anos no Aeroclube de Campinas, decolou então no dia 8 de julho de Goiânia com o objetivo de percorrer 11 países em 30 dias.

Máquina do recorde

Com consumo de 72 litros por hora em voo de cruzeiro, o monomotor batizado de “Piper Malibu Matrix” tem alcance de 2.400 km, altitude máxima de voo de cerca de 7.600 metros e capacidade para seis pessoas.

 

Apesar de apenas dois anos de experiência como piloto, Toledo foi capaz de superar difíceis trajetos. No voo mais desafiador, partindo do aeroporto de Goose Bay, no Canadá, em direção à Groenlândia, realizou o percurso todo sobre o oceano e geleiras.

“Fora a mudança constante das condições meteorológicas na região”, disse o jovem à Gazeta Russa durante sua passagem pela Alemanha.

No entanto, embora o piloto e sua equipe tenham se dedicado ao planejamento de todos os passos da viagem, da logística à gestão dos riscos envolvidos, dois dias antes de partir do Brasil receberam a notícia de que os russos não disporiam de gasolina de aviação para abastecer sua máquina.

“Até Londres fomos numa tomada só. A gente chegava no local, dormia cinco horas por dia e tornava a acordar cedo para continuar voando”, conta. “Mas os problemas para conseguir abastecimento na Rússia estão atrasando nossos planos.”

O monotor tem sala, TV, banheiro, quarto e armários Foto: Eduardo Fleury

Segundo o piloto, as empresas de abastecimento aeronáutico no território russo usam querosene de aviação, e não gasolina. “As leis antigasolina de aviação do país estão dificultando o serviço das companhias de abastecimento”, explica.

Para tentar solucionar o problema e acompanhar a situação de perto, Toledo partirá para Moscou em um avião comercial. “Isso deve demorar, pelo menos, uma semana. Não vejo motivo para ficar aqui parado olhando para o avião”, afirma.

A passagem pela Rússia está prevista para durar 40 horas no total, com 7 paradas de abastecimento (Moscou, Iekaterinburgo, Novosibirsk, Bratsk, Iakustk, Magadan e Anadir). Após percorrer todo o território russo, Toledo irá passar novamente pelo Canadá e Estados Unidos, de onde retornará ao Brasil.

Sentimento de ‘brasilidade’

Segundo Walter Toledo, o projeto também serve como estímulo para os brasileiros “superarem seus próprios limites e mostrarem seu potencial ao mundo”.

“Quero mudar esse pensamento que reina secularmente na cabeça dos brasileiros de que tudo que vem de fora é melhor”, enfatiza o piloto.

Toledo diz ter ficado surpreso com a receptividade das autoridades locais e da organização nos aeroportos estrangeiros. “Eles ficam animados com o nosso projeto e surpresos por um brasileiro ter essa iniciativa”, ressalta.

Durante a viagem, o piloto, cuja empresa é focada em saneamento básico, também está levando a mensagem em defesa de infraestrutura de saneamento para todos os brasileiros. 

De acordo com o censo de 2010, apenas 46% da população brasileira tem esgoto tratado. Por causa disso, o Brasil ocupa atualmente a 9º posição do ranking mundial “da vergonha” com 13 milhões de habitantes sem acesso a banheiro.

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