Após o encontro com Pútin, Annan limitou-se a dizer aos jornalistas que manifesta confiança na obtenção de um acordo entre os membros do Conselho de Segurança da ONU sobre a futura solução do conflito. Foto: Mikhail Klimentiev / RIA Nóvosti
Foram poucas as informações divulgadas sobre os resultados do encontro de uma hora e meia entre o presidente da Rússia, Vladímir Pútin, e o representante especial da ONU, Kofi Annan, na última terça-feira ,17.
Após o encontro com Pútin, Annan limitou-se a dizer aos jornalistas que manifesta confiança na obtenção de um acordo entre os membros do Conselho de Segurança da ONU sobre a futura solução do conflito.
O chanceler russo Serguêi Lavrov também declarou ser a favor do acordo. “Chegamos a um difícil acordo em Genebra, na conferência convocada por Kofi Annan, em junho. Não vejo razões que nos impeçam de chegar a um acerto com base naqueles princípios também agora, no Conselho de Segurança”, anunciou o ministro russo após as negociações no Kremlin.
A julgar pelo tom das declarações na entrevista coletiva, Moscou e Kofi Annan compartilham não apenas a compreensão mútua, mas também o desejo de trabalhar em conjunto.
“Espero que o Conselho de Segurança mande um sinal claro de que a atual situação na Síria é inaceitável, de que é preciso pôr fim à violência”, disse o enviado especial da ONU, sublinhando que, para atingir esse objetivo, “faremos pressão juntos”.
Entretanto, é claro que o plano de Annan, do qual muito se esperou nos últimos meses, não alcançou os resultados desejados. O conflito na Síria está se transformando em uma guerra civil, com clara divisão das partes pelo princípio confessional.
Por isso, o problema que se coloca diante dos membros do Conselho de Segurança da ONU consiste não no prazo de prorrogação do mandato dos observadores – por três meses, como propõe a Rússia, ou por 45 dias, como sugerem a Grã-Bretanha e os EUA. A questão é propor um acordo de cessar-fogo, pois, sem isso, não será possível o diálogo político das partes em conflito, como almejam Moscou e Annan.
Novo documento
Após o encontro de ontem, Moscou aperfeiçoou o seu projeto para a resolução do Conselho de Segurança da ONU, cuja votação deve ocorrer no final da semana, ou seja, na data de expiração do atual mandato dos observadores.
“Em nosso projeto, há uma série de elementos que tratam dos direitos humanos e do mecanismo do cessar-fogo local”, informou aos jornalistas o representante interino da Federação Russa junto à ONU, Aleksandr Pankin. O diplomata russo lembrou que a iniciativa de promover gradualmente o cessar-fogo foi “discutida por Kofi Annan em Damasco com o governo sírio”.
Esse plano foi descrito de modo mais concreto no comunicado da assessoria de imprensa da Presidência russa, divulgado antes das negociações com Annan.
De acordo com o documento, a Rússia considera importante fechar, com todas as partes sírias, um plano concreto de cessar-fogo simultâneo e, ao mesmo tempo, de saída das forças do governo e dos destacamentos militares de todas as cidades e povoados onde há combates.
Moscou propõe dar à missão da ONU não apenas funções informativas, mas também políticas, mediadoras. O governo russo dificilmente apresentaria uma nova resolução à ONU, com semelhantes propostas, caso Annan fosse contrário a elas. É evidente que este foi o principal resultado do encontro com Pútin nesta terça-feira.
Enquanto isso, o embate diplomático em torno da questão síria continua a todo vapor. Hoje, 18, o primeiro-ministro da Turquia, Recep Erdogan também esteve em Moscou para discutir a posição do Exército Livre Sírio, principal parte beligerante na luta entre a oposição e o regime no poder.
Solução multilateral
A visita à Rússia foi precedida de encontros de Kofi Annan com o presidente da Síria, Bashar Assad, e o governo do Irã, que, como parceiro mais próximo de Damasco, está profundamente inserido na situação síria.
Por outro lado, por também desempenhar um papel-chave nesse contexto, a Rússia teve um encontro com as principais forças da oposição, em especial com os dirigentes do Conselho Nacional Sírio (CNS).
Apesar de as partes terem apenas confirmado suas posições, diametralmente opostas, sobre o afastamento de Assad e sobre a intervenção externa nos assuntos da Síria, o diálogo com esse grupo influente do conflito sírio já representa um bom começo.
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