No total 122 pessoas morreram no acidente, incluindo 28 crianças. Foto: Serguêi Bogodvid / RIA Nóvosti
Um ano depois do naufrágio do navio Bulgária, o órgão russo de controle e segurança do transporte publicou os resultados de uma inspeção de embarcações fluviais realizada após a tragédia. Segundo informação da assessoria de imprensa do órgão, de cada quatro embarcações, uma não estava em condições adequadas para navegação.
“Todos os navios problemáticos, após a correção das infrações, voltaram a funcionar normalmente. Os proprietários investiram algum tempo na preparação das embarcações; alguns gastaram poucas horas, outros, semanas”, explicou a assessoria de imprensa da Agência de Fiscalização do Transporte.
O problema, contudo, é que os proprietários das embarcações não se preocupam em manter os documentos em dia nem em providenciar os equipamentos obrigatórios. Por isso, a maioria dos meios de transporte apanhados em infração pelo órgão fiscalizador não possuíam os recursos de segurança necessários ou apresentavam documentos que não correspondiam ao verdadeiro estado da embarcação.
A comissão da Agência de Fiscalização do Transporte chegou à conclusão de que as causas das infrações se deviam a um conjunto de fatores.
Os proprietários e capitães das embarcações descumpriam as exigências da documentação que atesta a observação das normas de planejamento, preparação e determinação da rota, comprometendo, assim, a segurança da navegação. Os tripulantes, por sua vez, não obedeciam à disciplina e tinham baixa qualificação.
Em relação ao naufrágio do Bulgária, foi aberto um processo criminal, e a investigação das circunstâncias da tragédia está perto do fim.
O processo soma 90 volumes de documentos, que serão agora revelados aos acusados e depois entregues ao tribunal.
Depois de aproximadamente mil interrogatórios e uma dezena de perícias, cinco pessoas estão sendo acusadas de responsabilidade criminal, inclusive o capitão do Bulgária, Ramil Khametov, a subarrendatária da embarcação, Svetlana Iniakina, e o perito do registro fluvial, Iakov Ivachov. O inquérito foi prorrogado até 10 de novembro de 2012.
O bimotor a diesel Bulgária, construído em 1955, na Tchecoslováquia, afundou no dia 10 de julho, durante uma tempestade no lago da represa Kuibichevskoe, no Tatarstão, a 3 km da margem. Havia a bordo 201 pessoas, das quais 79 foram salvas.
Perto do povoado de Siukeievo, nas proximidades do local da catástrofe, foi inaugurado um memorial: uma capela ortodoxa, uma mesquita e uma laje de mármore com os nomes das vítimas.
Cronologia do naufrágio
9 de julho de 2011 – Início do cruzeiro. O Bulgária adernava para a direita e o motor direito não estava funcionando. Além disso, havia excesso de passageiros; num navio com capacidade para 120 pessoas, encontravam-se a bordo 201. A tripulação infringiu as normas e, antes da viagem, não esvaziou o tanque de armazenamento de esgoto, que, no Bulgária tinha um volume total de 30 t.
10 de julho, 11:15 – O bimotor a diesel saiu de Kazan. Nesse momento, começava uma tempestade no Volga, com ventos fortes. Duas horas depois, o navio adernou fortemente para a direita. Esse foi o motivo do impacto direto da água nas vigias abertas, dispostas praticamente na linha de flutuação.
10 de julho, 11:17 – Em resultado da violência da inundação dos compartimentos internos, o Bulgária virou e afundou em apenas dois minutos. Para salvar o navio, o capitão tentou jogá-lo sobre um banco de areia, mas, com um único motor em funcionamento, não foi possível alcançar a área segura, a apenas 50 m.
10 de julho, 12:17 – O navio de transporte de carga Arbat e a balsa com rebocador Dunaiski-66 passaram pelos sobreviventes, que estavam em botes salva-vidas, mas os capitães não prestaram socorro às vítimas. Como as investigações revelaram mais tarde, a frenagem das duas embarcações de carga superava 2 km, e o funcionamento das hélices não permitiria a aproximação sem atingir as pessoas.
10 de julho, 14:30 – O cruzador Arabella à região do naufrágio. Depois da operação de resgate, 79 sobreviventes voltaram a Kazan a bordo do Arabella.
Conteúdo extraído dos veículos Ria Nóvosti, RBK, Prime e Vzgliad
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