'Não demos a devida atenção ao Facebook'

Saeed Amidi Foto: TASS

Saeed Amidi Foto: TASS

Diretor da incubadora de negócios Plug and Play confessa arrependimento quanto à rede social e fala sobre os futuros investimentos na Rússia.

Em sua fase inicial, a incubadora de negócios norte-americana Plug and Play abrigou o Google e o PayPal, adquirindo assim a reputação de um dos investidores mais bem-sucedidos do mundo.

No entanto, ao recusar a aceitar o Facebook de Mark Zuckerberg, perdeu também um lucro que hoje estaria equivalendo a 1000% do investimento.

É com esse histórico – e uma pequena lista de companhias startup nas quais gostaria de investir – que o Plug and Play chega à Rússia. A Gazeta Russa conversou com o diretor da empresa, Saeed Amidi, sobre onde estão as novas fontes de crescimento.

Gazeta Russa: A Plug and Play costuma acertar na hora de escolher os negócios que vai abrigar. O senhor poderia nos contar qual foi a maior falha cometida nos últimos anos?

Saeed Amidi: Cinco anos atrás, tivemos a oportunidade de investir no Facebook, quando a companhia inteira era avaliada em 100 milhões de dólares. Não investimos. Para ser sincero, não demos a devida atenção ao Facebook. Naquele momento, estávamos examinando muitas outras startups.

GR: E qual foi a melhor decisão?

SA: As vitórias são muitas, antes de tudo, o Google e o PayPal. Sergey Brin, do Google, veio nos procurar quando a empresa era composta, ao todo, por cinco pessoas. Dois anos depois, o quadro de funcionários chegava a cinquenta.

Não me lembro mais como começou a nossa conversa, apenas que eles estavam bem no início da etapa de elaboração do projeto. Os dois fundadores da empresa terminaram o curso na Universidade de Stanford e reuniram alguns colegas inteligentes de lá mesmo. A empresa colocou todo o foco no desenvolvimento de uma busca rápida na internet.

GR: E o PayPal, como surgiu?

SA: Fomos procurados com a ideia de transferir dinheiro por telefones celulares. Esse era o objetivo inicial: pagar o café pelo celular. Mas depois o segmento da internet disparou, e as pessoas começaram a usar o próprio site do PayPal. Assim, a empresa teve de reorganizar o seu modo de operação de acordo com a nova realidade do mercado.

Agora, passados 15 anos, ela voltou à tecnologia dos celulares e à ideia de partida. Hoje calculamos que um dos projetos mais promissores é o serviço de armazenamento de dados da DropBox e a empresa Lending Club, que propõe soluções em finanças pessoais.

GR: As empresas russas podem algum dia chegar a se comparar a um Google ou Facebook?

SA: Acho que sim. Os engenheiros e técnicos russos são incrivelmente inteligentes. O pessoal da indústria espacial, por exemplo, é um dos melhores do mundo. Na minha opinião, as empresas russas terão destaque e poderão até passar à frente das líderes mundiais, tanto em capitalização quanto em tecnologia.

GR: A intenção de lançar a Plug and Play  na Rússia foi anunciada em outubro do ano passado. Por que o lançamento demorou tanto?

SA: Naquela época, começamos a trabalhar ativamente com algumas startups russas e, além disso, estávamos construindo o ambiente de trabalho. Levamos, por exemplo, os futuros funcionários para estágios nos EUA, onde eles foram treinados como trabalhar com empresários, universidades etc.

GR: Na recente reunião com a diretoria da Fundação Skôlkovo, os senhores fecharam alguma parceria?

SA: Neste momento, estamos tentando entender e perceber como funciona o conjunto russo das startups. O primeiro exemplo de colaboração pode ser considerado a empresa News 360 (um recurso de notícias, acessível pela maioria das plataformas de celulares populares e também de televisores Google TV), que vai se mudar para o nosso escritório na Califórnia.

A empresa teve sucesso na Rússia e agora vai tentar conquistar o mercado dos EUA. Estamos prontos para futuramente oferecer nossa área na Califórnia às startups com as quais a Fundação Skôlkovo trabalha.

GR: Estão previstos investimentos nas startups russas?

SA: Ainda estamos sentindo o mercado russo, e não consigo determinar a soma exata que pretendemos aplicar no país. No entanto, junto com o fundo Global Venture Alliance, estamos preparados para fechar dezenas de negócios.

Entrevista original em russo pode ser acessada no site do RBC Daily http://www.rbcdaily.ru/2012/07/03/media/562949984235311

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