Política energética dos EUA vai revolucionar preços do petróleo

Obama discursa no campo de petróleo e gás Maljamar, Novo México Foto: AP

Obama discursa no campo de petróleo e gás Maljamar, Novo México Foto: AP

Decisão do presidente norte-americano Barack Obama de reduzir as importações do Oriente Médio pode afetar negativamente a Rússia com a queda dos preços de petróleo.

Durante os próximos oito anos, os EUA pretendem reduzir 50% das importações de petróleo do Oriente Médio. Em 2035, os líderes norte-americanos devem cessar todas as importações dessa região.  

De acordo com especialistas, essa estratégia pode prejudicar a Rússia. A diminuição das importações de petróleo nos EUA vai baixar os preços de vários exportadores, incluindo a Rússia. 

De acordo com as previsões do governo dos Estados Unidos, o país vai restringir importações do Oriente Médio, da África e da Europa.

As exportações dos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC, na sigla em inglês) vai cair de 1,6 milhões a 860 mil de barris por dia. 

Investimento em tecnologia A produção de petróleo nos EUA foi impulsionada por investimentos. Segundo a Sociedade de Investigação em Energia IHS de Cambridge, 48% de todos os investimentos globais em produção de petróleo (cerca de 320 bilhões de dólares) foram aplicados nos EUA e no Canadá. As novas tecnologias que reduziram o custo de extração também vão introduzir grandes mudanças na política energética.

“Esperamos que o setor de transportes dos EUA (o principal consumidor de petróleo nacional) comece a consumir gás natural”, afirma o economista do Instituto de Estudos Energéticos de Oxford, Willy Olsen. “Os Estados Unidos e o Canadá têm reservas consideráveis de gás de xisto. Isso ajudará a desenvolver o setor de transportes nos EUA, uma das prioridades do presidente Obama”, completa. 

Segundo Olsen, desde o presidente americano Richard Nixon, todos os seus sucessores tentaram diminuir a dependência das importações de petróleo, “mas Obama tem pela primeira vez em quarenta anos uma oportunidade real de alcançar esse objetivo”. 

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“Obama priorizou o desenvolvimento da produção nacional associado à redução da dependência de recursos energéticos importados”, explica o diretor do Instituto de Estimativas e Análise Estratégica Vagif Guséinov. “Também o controle da região do Oriente Médio como um mecanismo de pressão econômica sobre os principais importadores de petróleo e presença da Marinha dos EUA nas principais rotas comerciais da Ásia”, completa. 


Os EUA aparentemente alcançaram sucesso significativo em seu programa de independência energética. “A tal chamada ‘revolução do xisto’ já está gerando um impacto significativo sobre o mercado global de gás.

Os norte-americanos criaram um mercado de energia autônomo e não dependem dos preços flutuantes do cenário global”, afirma Guséinov. Vencedores e perdedores Apesar da redução das importações de petróleo do Oriente Médio, o governo dos EUA declarou que a região continuará sendo foco da política externa do país. 


Segundo o representante da seção de energia do Departamento de Estado dos EUA, Carlos Pascual, o país precisa de mercados mais estáveis. Atualmente, um barril de petróleo nos EUA custa cerca de 83 dólares, mas esse preço pode cair até US$ 65 em 2013. 

Os exportadores de petróleo do Oriente Médio não perderão nada. A demanda por recursos energéticos está crescendo tanto no Oriente Médio como na Ásia. A Arábia Saudita e o Kuwait estão investindo na construção de novas refinarias de petróleo, das quais os chineses se tornarão os principais consumidores.

“No entanto, a redução significativa de cotações pode ser desastrosa para vários países, como Irã, Venezuela e Rússia, que calculam seus orçamentos se baseando em preço do petróleo entre 100 e 120 dólares por barril”, finaliza Guséinov.

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