O diretor do Serviço Federal da Rússia para o Controle de Drogas Víktor Ivanov Foto: TASS
No último sábado, 29, o diretor do Serviço Federal da Rússia para o Controle de Drogas (FSKN, na sigla em russo), Víktor Ivanov fez um discurso em Brasília no qual pregou a criação de uma “nova diplomacia antinarcóticos”.
A visita de Ivanov ao Brasil faz parte de uma série de compromissos na América Latina e tem por objetivo estreitar os laços e criar parcerias no combate à rede de tráfico de drogas mundial.
Segundo o diretor da agência russa, nos últimos cinco anos, o tráfico de cocaína rumo à União Europeia e à Federação Russa cresceu duas vezes, daí o enorme interesse em agir de forma conjunta com as nações que integram o Brics (Brasil, Rússia, Índia China e África do Sul).
“Nossos países precisam estar juntos no esforço internacional contra o tráfico e fabricação de drogas em países como Colômbia, Peru e Bolívia, os maiores produtores de cocaína do mundo", afirmou.
Dentre as principais propostas para a parceria russo-brasileira no combate ao narcotráfico, de acordo com Ivanov, estão o estabelecimento de um grupo informal para o desenvolvimento de projetos, a formulação de um plano conjunto para conter os grandes centros de produção de droga e o mapeamento das rotas internacionais – que partem ou chegam ao Brasil.
O diretor acredita, contudo, que a questão é muito mais séria e extrapola a competência nacional. “Queremos levar essa parceria contra o narcotráfico a um evento de alto nível entre os Brics, para que outros membros desse grupo nos ajudem a fazer com que o Comitê de Segurança da ONU lidere uma força-tarefa mundial".
Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), cerca de metade da cocaína produzida na América do Sul passa pelos portos do Brasil. E o maior aeroporto do país, o de Guarulhos, em São Paulo, é o que mais prende, em todo o mundo, “mulas”, isto é, pessoas que recebem dinheiro para transportar cocaína para a Europa.
Aliança latina
Antes do Brasil, Ivanov visitou ainda o Peru e Argentina. No país andino, o diretor russo ouviu que o combate ao tráfico é prioridade do governo. Mas entende que, devido à complexidade do problema e da alta demanda de recursos, a iniciativa fica comprometida.
Ainda de acordo com Ivanov, mais do que o uso da força, são necessárias ações de cunho social nos países produtores. “A prática mostrou que essas atitudes são eficazes. Em países como México e Colômbia, onde imperam os grandes carteis com um poderio econômico gigantesco, o uso de forças especiais com armamento pesado se mostrou ineficiente”, alerta o diretor russo.
O tráfico de cocaína via América Central e do Sul cresceu 400% nos últimos dois anos, mesmo com a intensificação e militarização da luta contra o narcotráfico em alguns países.
Em março deste ano, em visita a países da América Central, como El Salvador, Cuba e Panamá, Viktor Ivanov propôs a criação de centros de treinamento de policiais locais com base em programas especiais russos.
Sua proposta foi bem recebida pelas respectivas autoridades, embora tenha sido vista com desconfiança pelos Estados Unidos, que ainda temem um eventual aumento da influência russa em sua “vizinhança”.
O diretor da agência russa também se mostrou surpreso e decepcionado com a recente decisão do governo uruguaio de propor a legalização do consumo de maconha no país. “Em alguns lugares chega-se à conclusão de que a guerra está perdida e é necessário legalizar as drogas para que se tenha um controle maior. É um erro, claro. A Rússia não apoia essas medidas”, arremata Ivanov
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