Moeda em baixa, pressão alta

Foto: Reuters

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Os fortes laços comerciais com países europeus e grandes reservas em euro aumentam preocupação da Rússia em relação à instabilidade que assola a União Europeia. As autoridades russas, entretanto, mantêm esperança na superação da crise.

O futuro da União Europeia tem divido opiniões. Se por um lado o jornalista russo Mikhail Leontiev acredita que, em sua forma atual, a Europa tem os dias contados, o premiê russo, Dmítri Medvedev, continua apostando suas fichas no velho continente.

“A Grécia foi o primeiro país em que o modelo neoliberal euro-atlântico ruiu”, afirma o economista Mikhail Kházin. Segundo ele, as duras políticas de austeridade econômica sem quaisquer medidas para estimular o desenvolvimento econômico levam a Grécia, e, como consequência, toda a Europa, a um impasse. 

De acordo com o ex-assessor presidencial e atual vice-premiê russo, Arkádi Dvorkóvitch, a antiga ideia de excluir a Grécia da zona do euro era extremamente negativa. “É preciso forçar com que o país siga uma política mais responsável”, completa. 

Com quase 50% de relações comerciais externas concentradas na União Europeia e boa parte de reservas oficiais acumulada em euros, a Rússia está mais do que nunca interessada na estabilidade na Europa.

Socorro à Grécia

Assolada por problemas financeiros há mais de dois anos, a Grécia está no centro das atenções da opinião pública internacional e diversas medidas para salvar o país foram tomadas.

A primeira foi feita no verão de 2010 e previa a concessão ao país de mais 100 bilhões de euros. Não deu resultado. 

A segunda tentativa foi feita em dezembro de 2011, quando os políticos gregos foram forçados a assinar um novo acordo de dependência em troca da promessa de suprimir 50% da dívida nacional e disponibilizar mais 130 bilhões de euros. Outra iniciativa em vão.

Na recente reunião do G20, as autoridades estrangeiras amaciaram o tom ao falar sobre a situação grega, e concordaram em manter compromissos, bem como estabelecer novos prazos para quitação da dívida.

Paralelamente, o governo de Atenas tem enfraquecido, por insistência dos credores, seu sistema de previdência social, reduzindo as pensões em até 50%. 

Segundo dados oficiais, o desemprego no país atingiu 22% - e o número é ainda maior quando se fala em estatísticas não oficiais. Até mesmo a taxa de suicídio aumentou dramaticamente no país em 2011.

Efeito dominó

A chanceler alemã, Angela Merkel, e sua elite econômica não se cansam de afirmar que os gregos são obrigados a cumprir rigorosamente os compromissos assumidos. 

Entretanto, autoridades de outros países europeus e representantes do G8 discordam dessa postura e consideram “impossível cumprir as obrigações se não houver crescimento econômico”. 

Fato é que os processos políticos operados na Grécia nos últimos meses estão em sintonia com os processos vividos na França, Itália e Espanha.

“O declínio acentuado nos padrões de vida da população não são apenas protestos sociais, mas também a queda do Estado social na forma em que foi concebido na década de 1960”, ressalta Mikhail Kházin. “Para evitar uma catástrofe, é preciso mudar o modelo econômico”, completa. 

Como a Grécia é o elo mais fraco dessa corrente, tem uma perspectiva mais difícil. Isto é, defender até o fim seu direito a uma saída alternativa para crise.

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