EUA reavaliam acusação sobre venda de helicópteros russos à Síria

Mi-17 Foto: RIA Nóvosti

Mi-17 Foto: RIA Nóvosti

Departamento de Estado norte-americano reformula declaração sobre o envio de helicópteros de ataque russos ao governo de Damasco. Crítica anterior da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, foi encarada por especialistas russos como pressão da indústria bélica norte-americana.

O departamento de Estado dos EUA retificou ontem, 14, uma declaração da secretária de Estado, Hillary Clinton, sobre a entrega de armamento russo ao governo sírio. “Estamos preocupados com a recente notícia de que um grupo de helicópteros de ataque procedente da Rússia se encontra no caminho para a Síria”, disse Hillary, na última terça-feira, 12. 


Segundo a porta-voz do departamento de Estado, Victoria Nuland, o depoimento não se referia ao fornecimento de novas tecnologias para a Síria, mas sobre reparação dos helicópteros anteriormente vendidos.


Ainda assim, o chefe da diplomacia russa, Serguêi Lavrov, já havia negado o fato. “Eu disse poucos dias atrás que estamos finalizando o cumprimento dos contratos há muito tempo fechados e pagos”, disse o ministro russo em uma entrevista coletiva em Teerã. “Todos eles se referem exclusivamente aos meios de defesa antiaérea”, completou.


De acordo com a edição desta terça-feira do jornal “The New York Times”, uma fonte no Pentágono também havia suposto que Hillary Clinton se referia aos helicópteros de ataque russos Mi-24,  que já se encontravam em posse da Síria e não foram utilizados contra a oposição. 


“As aeronaves em causa são dirigidas por pilotos sírios. Já a Rússia oferece à Síria peças de reposição e serviços de manutenção técnica”, descreveu o jornal. 


Contra-ataque lobista

Nesta semana, um dos membros da Comissão de Defesa do senado norte-americano, John Cornyn, enviou uma carta ao secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, exigindo que o Pentágono impusesse sanções à empresa russa Rosoboronexport, responsável pela exportação de material bélico.


Segundo o senador, os “legisladores estão muito preocupados com o fato de o ministério da Defesa dos EUA estar cooperando com uma empresa envolvida em massacres de civis na Síria. Isso impõe a necessidade de aplicar novas restrições em relação à empresa russa”. 


Em 2010, os helicópteros russos venceram uma licitação lançada pelo governo dos EUA. A parte russa assumiu um contrato com o Pentágono para a entrega de 21 aeronaves no valor de US$ 550 milhões Mi-17 destinadas ao Afeganistão. 


Logo após o concurso, a fabricante de helicópteros norte-americana Sikorsky Aircraft enviou um carta oficial ao governo, acusando os militares de violação do regulamento de licitações e, até mesmo, de desrespeito aos “interesses nacionais”.  


Embora 17 senadores tenham solicitado ao secretário de Defesa para anular o contrato, o protesto foi sumariamente rejeitado.


O porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, George Little, defendeu o contrato de compra dos helicópteros russos, ressaltando a necessidade de ajudar o Afeganistão no desenvolvimento de suas forças de segurança. “Essa questão deve ser encarada à parte das preocupações a respeito do fornecimento de armas à Síria”, declarou.


Ainda assim, o vice-diretor do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias da Rússia, Konstantin Makiênko, diz não restar dúvidas que o atual ataque à Rosoboronexport “está diretamente ligado à pressão da indústria americana”. 

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