Kaspersky se negou a citar nome de autores do vírus ‘Flame’
A empresa russa de segurança digital Kaspersky Lab descobriu um poderoso e complexo vírus sem precedentes chamado Flame em 600 computadores no Oriente Médio.
O programa, que entrou na pauta da imprensa internacional e em discursos políticos, permite interceptar o tráfego, desviar informações, ativar microfones e gravar conversas.
“Receio que isso seja só o princípio. Num futuro próximo, muitos países do mundo vão poder usá-lo”, disse Kaspersky em discurso na última quarta-feira, 6, na Universidade de Tel Aviv.
Kaspersky Lab é um grupo internacional de empresas com sede em Moscou e escritórios em 12 países. Após quase 15 anos no mercado, a empresa está entre os cinco líderes mundiais no desenvolvimento de softwares para defesa contra ameaças na internet. Embora tenha seis proprietários, o controle acionário está nas mãos de Evguêni Kaspersky. Possui pouco mais de 2 mil funcionários, e, em 2010, ultrapassou a marca de US$ 500 milhões em volume global de negócios.
Ainda segundo o especialista, um vírus capaz de exercer funções muito mais perigosas pode ser desenvolvido no futuro. “Até os países inexperientes nessa matéria podem contratar ou sequestrar profissionais para executar o trabalho", adiantou Kaspersky.
Ao ser questionado sobre os eventuais desdobramentos de um ciberataque global, Kaspersky citou como exemplo o filme “Duro de Matar 4.0”. “Antes dele, em minha empresa era proibido pronunciar o termo ‘ciberterrorismo’ ou falar sobre isso com jornalistas. Eu não queria abrir a Caixa de Pandora. Mas, quando o filme entrou em cartaz, suspendi essa proibição.”
Cooperação internacional
“Uma ciberarma pode se replicar e atingir vítimas aleatórias em qualquer lugar do mundo e não importa o quão longe você estiver da zona do conflito”, disse Kaspersky.
“Afinal, a Internet não tem fronteiras, razão pela qual sistemas idênticos como, por exemplo, usinas elétricas, podem ser atacados em uma região diferente do mundo.”
O especialista expôs dois roteiros possíveis de uma ciberepidemia: um blackout da internet ou um ataque às principais instalações de infraestrutura.
“Infelizmente, o mundo não tem, até agora, meios para se defender contra esse tipo de ataques”, disse. Segundo Kaspersky, para incrementar a defesa, será necessário abdicar dos sistemas operacionais mais populares como Windows ou Linux.
“Os governos devem começar a dialogar entre si sobre isso", afirmou Kaspersky, comparando esses vírus às armas de destruição em massa.
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