Em legítima defesa

As siglas “M” e “DM” no nome dos radares indicam uso de ondas métricas e decimétricas  Foto: Víktor Litóvkin

As siglas “M” e “DM” no nome dos radares indicam uso de ondas métricas e decimétricas Foto: Víktor Litóvkin

Instalação de novo radar antimíssil na região de Irkutsk pretende mostrar à Otan necessidade de repensar suas iniciativas.

Em maio, um novo radar chamado Voronej-M foi instalado perto da cidade siberiana de Usólie-Sibírskoe, na região de Irkutsk.

O instrumento faz parte do sistema de alerta de mísseis e é o quarto instalado pela Rússia nos últimos anos. Agregados a radares presentes em outras regiões russas, bem como na Bielorrússia, Azerbaijão e Cazaquistão, eles formarão um arco de alerta de mísseis. 

Os militares não escondem que a instalação de uma rede de radares é uma reação aos planos dos EUA e de seus aliados da Otan de criar um escudo de defesa antimíssil na Europa.

O Voronej-M é capaz de localizar, acompanhar e identificar os meios de ataque aeroespaciais modernos. Em cooperação com os satélites de vigilância do espaço, pode detectar os lançamentos de mísseis balísticos estratégicos, mísseis de curto e médio alcance, de cruzeiro e de uma grande variedade de aeronaves. 

 

“Os novos aparatos fazem parte do sistema de dissuasão nuclear russo. É um sinal aos EUA e à Otan para repensarem suas ações”, afirma o comandante da Defesa Aeroespacial da Rússia,  Oleg Ostápenko.

Segundo o general, a Rússia não irá instalar novos radares no exterior. “A experiência de atritos envolvendo os radares de Mukatchevo e Sevastópol, na Ucrânia, e de Gabala, no Azerbaijão, nos obriga a contar apenas com nosso território nacional”, completa.

Os radares do projeto Voronezh-M e Voronezh-DM serão instalados também em outras regiões do país.

Controle ferrenho


“Os locais para a instalação de radares são escolhidos conforme a situação”, explica o projetista-chefe de radares, Serguêi Bóev.

A primeira fase do radar na região de Irkutsk, colocada recentemente em operação, é capaz de monitorar o espaço aéreo e cósmico em um raio de 6 mil quilômetros em um arco de 120 graus. Em seu campo de visão estão Japão, China, as duas Coreias, Vietnã, Indochina e boa parte da Índia.

“A segunda fase será colocada em operação em um ano e meio, terá o mesmo alcance e efetuará o monitoramento dos setores central e norte do Pacífico, inclusive a costa ocidental dos EUA”, explica Bóev.

Todos os lançamentos de mísseis dentro da área de cobertura do radar serão detectados pelos satélites do sistema de vigilância do espaço.

As informações sobre os lançamentos serão transmitidas para o sistema de alerta de mísseis, cujos computadores vão calcular a trajetória do míssil, identificar alvo e transmitir os dados obtidos para o posto de comando central da Defesa Aeroespacial em Solnetchnogorsk, nos arredores de Moscou.

Este, por sua vez, informará o presidente do país e ficará à espera de suas ordens. Se o míssil lançado ameaçar a segurança do país, o posto de comando central, em conformidade com as instruções do presidente, poderá derrubá-lo e retribuir o ataque.

“Tudo isso deve ser feito em questão de minutos. Um inimigo em potencial está ciente dessas capacidades da Rússia e dificilmente se atreverá a essa aventura”, completa o militar. 

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