Organização de Xangai ganha peso político

Foto: AFP/East News

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Сriada em meados dos anos 90 face à ameaça do regime talibã no Afeganistão, a Organização para Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês) está à beira de mudanças. Prova disso prova são os resultados da recente reunião dos chanceleres dos países-membros realizada em Pequim, que antecipou a cúpula do grupo prevista para os dias 6 e 7 de junho.

No início dos anos 2000, os integrantes da SCO – Rússia, China, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão –  centraram suas atenções no combate ao terrorismo internacional e tráfico de drogas e no desenvolvimento de uma cooperação econômica e humanitária dentro da organização, assumindo posições prudentes em relação a questões delicadas da agenda internacional.

Como resultado, até há pouco, a  SCO, em que participam também, a título de observadores, a Índia, Paquistão, Irã e Mongólia e, como parceiros de diálogo, a Bielorrússia e Sri Lanka, não era vista como um ator importante no cenário internacional.

Mas os tempos mudaram e a SCO está se transformando com eles. As situações de crise no Oriente Médio provocadas pela Primavera Árabe e intervenção de países ocidentais, assim como a retirada dos EUA do Iraque e do Afeganistão, obrigaram a aliança a rever sua política e a intensificar suas ações.

“A situação dentro e em torno do Afeganistão nos causa preocupação especial. Acho que devemos participar ativamente de todas as discussões internacionais sobre isso e acertar nossas posições”, disse o chanceler russo, Serguêi Lavrov, durante reunião em Pequim.

A SCO passará a coordenar as posições dos países-membros em caso de crises na região já no próximo mês, às vésperas da Conferência Internacional sobre o Afeganistão prevista para 14 de junho em Cabul. Obviamente, esses países levarão em conta as resoluções sobre o Afeganistão da cúpula da Otan em Chicago no final de maio.

De acordo com o jornal “Kommersant”, medidas adicionais estão contidas no projeto de estratégia de desenvolvimento da SCO, que está em fase de ajustes técnicos e deve ser aprovado na cúpula pelos chefes de Estado do grupo.

Fundamentos da OSC


A questão-chave da próxima cúpula da SCO será a presença militar dos EUA e da Otan no Afeganistão.

Além de Moscou e Pequim serem contra a presença militar estrangeira ser mantida no país, os russos gostariam também de receber um relatório sobre os resultados da implementação da resolução da ONU que permitiu a realização de uma operação militar no Afeganistão.

A posição consolidada da SCO seria um bom apoio às ações da Rússia e da China nesse sentido, mas o fortalecimento seria ainda maior se a SCO aumentasse o número de países-membros e associados.

Nessa última reunião, Lavrov estimulou novamente a adesão da Índia e Paquistão à SCO. Também foi definida a concessão do estatuto de observador ao Afeganistão e o de parceiro de diálogo à Turquia.

É notável, assim, que que a agenda da SCO começa a ultrapassar os limites regionais. Segundo fontes da delegação russa contatadas pela agência Ria-Nóvosti, o projeto de declaração final da cúpula da SCO aprovada pela reunião de Pequim condena os planos dos EUA para a defesa antimíssil, afirmando que o aumento unilateral e ilimitado da capacidade de defesa poderá prejudicar a segurança internacional e estabilidade estratégica.

Desse modo, os países da SCO manifestaram seu apoio aos esforços de Moscou para dissuadir os EUA de concretizar seus planos em relação ao escudo antimíssil cuja instalação poderá desvalorizar o potencial estratégico russo.

A China, por sua vez, cujo arsenal nuclear torna-se ainda mais vulnerável, não está menos interessada em restringir as atividades dos EUA nesse domínio. A posição consolidada da SCO em relação à defesa antimíssil poderia ser um contrapeso significativo aos planos da Otan.

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