SuperJet 100 Foto: AP
Na última quinta-feira, 10, os destroços do Sukhoi SuperJet 100 (SSJ-100) que tinha desaparecido durante um voo de teste na Indonésia foi descoberto no Monte Salak, um vulcão inativo ao sul de Jacarta, capital da Indonésia.
O avião caiu em uma das encostas íngremes da montanha. Havia 45 pessoas a bordo, incluindo oito membros da tripulação russos e representantes da empresa Sukhoi.
Os destroços do SSJ-100 foram encontrados pela equipe de helicópteros de resgate a uma altura aproximada de 1.580 metros; a montanha em si é cerca de 500 metros mais alta.
Ao que tudo indica, o avião caiu na encosta e os detritos acabaram parando na região com mata. De acordo com informações preliminares, a queda ocorreu durante um voo controlado, indicando, assim, que foi resultado de erro humano, e não de uma falha técnica.
Especulações iniciais sobre a causa incluem a incapacidade da tripulação enxergar a montanha, que estava envolta em névoa, ou o desrespeito dos pilotos às informações de bordo, que avisaram a tripulação sobre o perigo a tempo para, assim, elevar a altitude do avião.
Esse foi o terceiro SuperJet em operação. Seu voo inaugural aconteceu em 25 de julho de 2009, e tinha feito mais de 500 voos desde então, totalizando 800 horas de voo.
Os especialistas do Sukhoi afirmam que o avião não tinha apresentado falhas anteriores, entretanto, blogs de aviação relataram a existência de problemas até mesmo na fase de montagem. De acordo com esses sites, a estrutura foi derrubada e, assim, danificada.
A Sukhoi não confirmou essa informação; além disso, os especialistas não acreditam que, mesmo as alegações sendo verdadeiras, isso teria causado a queda na Indonésia.
Um helicóptero de resgate com quatro contêineres contendo os restos mortais das vítimas chegou a Jacarta no último sábado, 12, segundo o porta-voz do Ministério para Situações de Emergência da Indonésia. Segundo ele, os corpos foram encaminhados para um hospital militar, acrescentando que outro helicóptero com corpos já estava a caminho da capital indonésia.
Diferentes versões
Os técnicos acreditam que o acidente foi causado por uma combinação de fatores. Um deles foi a falta de conhecimento da tripulação sobre o terreno e a natureza específica de voar sobre montanhas, embora tivessem sob o comando do experiente piloto Aleksandr Iablontsev.
Outro fator pode ser uma possível falha de comunicação entre a tripulação e o controlador de tráfego aéreo. Foi relatado que os controladores perderam contato com o avião após o piloto ter pedido para descer a 1.820 metros e ter sido aconselhado a fazê-lo. Os especialistas em aviação acreditam que os pilotos poderiam ter interpretado a informação como um comando, embora o controlador, incapaz de controlar o voo sobre as montanhas, aconselhou a tripulação que descessem de acordo com seu critério.
Segundo os observadores, eles poderiam ter aventurado nas montanhas para exibir as habilidade do avião aos potenciais compradores e jornalistas locais presentes a bordo. Embora os especialistas afirmem que uma tripulação padrão jamais teria assumido tal risco, a liderada por Iablontsev, que tinha sido um piloto de teste e havia pilotado o SSJ-100 em sua missão inaugural, pode muito bem ter tentado realizar essa façanha.
As dúvidas relacionadas às diferentes versões da história vão permanecer provavelmente sem resposta, uma vez que o terreno torna bastante difícil o trabalho do resgate na localização da caixa preta, que poderia esclarecer os eventos.
Ironicamente, o SSJ-100 foi promovido no mercado indonésio como um avião com maior confiabilidade. “Desde que uma das duas aeronaves An-148, feitas especialmente para Mianmar, caiu durante um voo de teste antes de ser entregue ao cliente no ano passo, alguns funcionários da United Aircraft Corporation vêm tentando promover o SSJ como um modelo muito mais confiável”, diz uma fonte da indústria de aviação russa. “Foi um dos fatores que a Rússia usou a favor do SSJ, especialmente na Indonésia.”
Os membros da tripulação e passageiros a bordo do Sukhoi SuperJet-100 estavam assegurados em US$ 300 milhões.
O que dizem os especialistas
Magomed Tolboev, piloto de teste, combatente da Federação Russa e comandante de Aviação
Existe um termo na indústria da aviação chamada “a organização do voo”. É um processo que inclui a escolha da tripulação, rota, pista etc. O acidente ocorreu devido a má organização do voo. O terreno é muito complicado em Java. A missão era complexa, com mudanças de altitudes, então cada etapa tinha que ser mapeado centímetro por centímetro. Não se tratava apenas de voar e curtir um bom momento. Foi um erro basicamente de organização.
O líder da missão é o responsável – quem controlava onde estavam sobrevoando e por qual motivo. Tudo deve ser calculado. Estamos falando sobre a imagem do Estado aqui, não apenas de um avião voando. Fiz muitos voos pelo mundo todo. Não tinha navegador nem operador de rápido, estava por conta própria na cabine de um caça, então sabia das minhas responsabilidades, sabia que a honra da Rússia estava em jogo. Mas levantar voo e colidir o avião contra uma montanha! Não consigo entender quem organizou isso e era responsável pela tarefa.
Não havia nada errado com a aeronave. O avião é apenas um avião. Tudo deve ser organizado perfeitamente, sobretudo por ser um voo de teste com a intenção de mostrar o veículo aos potenciais compradores.
Viktor Gorbatchov, chefe da Aviação Civil CIA
Parece que existem três fatores por trás do acidente O primeiro é o mau tempo, o segundo, o terreno montanhoso, e por último, o fato de ser um rota com a qual não estavam familiarizados.
Infelizmente, isso vai afetar o mercado europeu, porque já aconteceram acidentes semelhantes. Como é o caso do Tu-144, por exemplo, que caiu em Le Bourget, na França. Todos os contratos estrangeiros foram anulados depois do daquilo.
Tenho receio que o futuro do SuperJet fique agora restrito ao mercado russo. O voo de teste pretendia estimular o interesse de empresas estrangeiras, mas os contratos podem ser rescindidos agora.
Serguêi Dolia, blogueiro russo sobre avião, viajou com o avião para a Indonésia
Os destroços foram descobertos em um lugar praticamente inacessível para missões de resgate por terra, portanto, somente com helicópteros as equipes de resgate terão acesso ao local. Entretanto, o clima está desfavorável agora e os helicópteros não podem ficar sobrevoando a área para que o pessoal possa descer.
A montanha é alta e está coberta por uma floresta densa, e os destroços estão em uma declive muito íngreme. A situação é instável e os detritos continuam rolando abaixo.
Era um voo de teste para as transportadores aéreas locais; decidi não ir junto, mas tirar fotos do chão. No entanto, peguei o mesmo avião para chegar aqui e a outros países também, então conheço-o muito bem. O avião estava em boas condições, intacto, sem quaisquer problemas.
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: