Vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguêi Riabkov Foto: PhotoXpress
A adesão da África do Sul ao grupo Bric colocou um ponto final nas discussões sobre a validade do como uma verdadeira associação. Ainda assim, os cientistas políticos continuam divergindo em relação à importância da sigla no cenário político internacional.
A pedido da revista “VIP-Premier”, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguêi Riabkov, responsável pelo trabalho da diplomacia russa nos Brics, fez algumas considerações sobre as perspectivas do bloco.
Podemos dizer que o Brics se tornou um
instrumento de governança global?
Não, o Brics não é um mecanismo de governança global nem persegue esse
objetivo. No momento, trata-se apenas de um catalisador das reformas que vêm
acontecendo. Apesar de três dos sete bilhões de habitantes da Terra serem
cidadãos dos países do Brics e 25% do PIB mundial serem produzidos pelas
economias do grupo, não podemos encarar essa estrutura como um legítimo mecanismo
de governança internacional. Além disso, atualmente, 80 % das questões de sua
agenda são econômicas e só 20% se
referem à política internacional. O principal fórum que coordena as questões
econômicas em escala global ainda é o G20, e o Brics continua trabalhando
dentro dessa esfera.
Mas os países-membros do Brics têm intenção de torná-lo um órgão oficial?
Temos propostas concretas sobre esse assunto, expostas, aliás, pelo presidente russo, Dmítri Medvedev, em Nova Déli. Porém, não estamos impondo nada a ninguém e antedemos ao desejo de nossos parceiros de permanecer, por enquanto, com um formato informal e não burocratizado. Acreditamos, contudo, que o desenvolvimento institucional continuará.
Qual sua opinião sobre as declarações de alguns cientistas políticos do Ocidente de que a Rússia estaria usando o Brics como contrapeso em suas relações com o Ocidente?
Temos trabalhado
para obter um efeito sinergético e, assim, nossas posturas sobre um mesmo
assunto sejam acolhidas por nossos parceiros. Se analisarmos as resoluções
aprovadas pelas reuniões dos ministros das Relações Exteriores do G8 em Washington
e do Brics em Nova Déli, veremos que elas consagram, por nossa insistência, soluções
negociadas com base nos princípios de reciprocidade e gradualismo.
Como é a relação do Brics com outros organismos internacionais dos quais seus países-membros fazem parte, por exemplo, o RIC (Rússia, Índia e China), o Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) e o próprio G8?
A parte russa encara tranquilamente as atividades do Ibas, não havendo nada que possa interferir na agenda da Rússia ou dos Brics. O Ibas está focado sobretudo no desenvolvimento sustentável e na assistência aos países em desenvolvimento para solucionar seus problemas de infraestrutura.
Qual será o posicionamento do Brics durante a cúpula do G20 no México [nos dias 18 e 19 de junho]?
Os ministros da Fazenda dos países do Brics realizaram recentemente uma reunião. A agenda do G20 está evoluindo, mas os trabalhos vêm sendo desacelerados após o período mais crítico da crise. O Brics, por sua vez, pretende fomentá-los.
Que tipo de relação os Brics mantêm com países não integrantes do bloco, tais como Argentina, por exemplo?
A Argentina é um parceiro de diálogo dos países do Brics no âmbito do G20. Não temos, por enquanto, formatos fixos de diálogo com os países que não fazem parte do bloco, mas gostaria de salientar que a Rússia tem defendido a criação de um ‘sistema de alcance’, considerando necessário começar com um diálogo entre o Brics e outros organismos multilaterais. O diálogo individual com outros países é o próximo passo.
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