“Não podemos mais ser nós mesmos no Facebook”, diz criador de nova rede social

Fundadores da rede social Pair: os russos Oleg Kostur, Anton Krutiánski e Mikhail Petrov, e os canadenses Jamie Moore e Achvenkumar RadjanderanFoto: Divulgação

Fundadores da rede social Pair: os russos Oleg Kostur, Anton Krutiánski e Mikhail Petrov, e os canadenses Jamie Moore e Achvenkumar RadjanderanFoto: Divulgação

Programadores russos formados pela Universidade de Waterloo, no Canadá, lançaram uma rede social chamada Pair (Par, em português) destinada a namorados. O novo aplicativo para iPhone oferece diversas opções românticas para os apaixonados.

Em março deste ano, uma nova rede social despontou no mercado de startups do Vale do Silício: a Pair. A ideia vai na contramão das atuais plataformas existentes, pois, em vez de promover novos encontros, a Pair é destinada a namorados.

Os usuários podem trocar mensagens, fotos e vídeos, além de pintar conjuntamente imagens, formar uma lista de coisas a fazer e informar o parceiro sobre seu paradeiro.

Na primeira semana após o lançamento, a nova ferramenta foi baixada por mais de cem mil pessoas.

A revista Forbes sentou com os fundadores da rede social, os russos Oleg Kostur, Anton Krutiánski e Mikhail Petrov, e os canadenses Jamie Moore e Achvenkumar Radjanderan, para descobrir a reação dos homens e mulheres ao produto e como os autores planejam ganhar dinheiro com os namorados.

Forbes: Como e quando surgiu a ideia de criar a Pair?

Oleg Kostur: Tudo começou quando nos mudamos do Canadá para a Califórnia para participar da [incubadora de sucesso para as empresas startup] Y Combinator. Um mês depois, percebemos que não havia como se comunicar com nossas namoradas e decidimos resolver esse problema.

F: Suas namoradas gostaram do produto?

Anton Krutiánski: Esse foi o principal critério. Nossas companheiras comentavam absolutamente tudo o que fazíamos, inclusive a funcionalidade e o design da ferramenta. Em outras palavras, foram elas que nos ensinaram como fazer tudo direitinho.

Oleg: Não sabíamos quando seria melhor lançar nosso aplicativo. Inicialmente, a ideia era lançá-lo às vésperas do Dia dos Namorados, mas na Y Combinator nos disseram: esperem até que suas amigas não consigam vivam sem ele.

Anton: Em determinado momento algo saiu errado e a ferramenta deixou de funcionar. Logo a seguir, nossas amigas começaram a nos telefonar perguntando: “Ei, o que foi que aconteceu? Consertem tudo imediatamente!”  Foi quando entendemos que nossa ideia tinha dado certo.

F: Quem geralmente toma a iniciativa de usar a Pair, o homem ou a mulher?

Anton: Ainda não sabemos, mas queremos descobri-lo. A gente vem analisando dados estatísticos e buscando comportamentos padronizados mas, por enquanto, essas iniciativas foram em vão.

Mikhail Petrov: Normalmente recebemos mensagens de mulheres. Temos um feedback impressionante e muito positivo. No entanto, alguns homens também nos escrevem agradecendo. “Obrigadão, agora ela está em contato comigo a cada minuto”, dizem eles. 

F: Quem inventou o ThumbKiss? (uma função embutida na qual os smartphones começam a brilhar e a vibrar quando ambos tocam no mesmo ponto da tela ao mesmo tempo)

Oleg: Anton. Estávamos muito longe de nossas namoradas, sem vê-las durante vários meses, e queríamos inventar alguma coisa para encurtar a distância.

Anton: Deixe-me explicar. A ideia era imitar um mecanismo realmente íntimo. É legal que os dois namorados façam alguma coisa juntos, mesmo estando longe um do outro. Por exemplo, o rapaz diz: “Estou olhando para a Lua”, e ela: “Eu também!” Então pensamos que seria bom fazer com que os smartphones dos usuários começassem a vibrar quando os namorados tocassem na tela ao mesmo tempo.

F: Agora há uma enorme variedade de aplicativos sociais para smartphones, como o Path ou o FamilyLeaf. Onde começou essa tendência?

Anton: Não podemos mais ser nós mesmos no Facebook. É preciso pensar bem antes de postar alguma coisa, manter certa postura e imagem.

Oleg: Exatamente. Portanto, quando há possibilidade de limitar o número de pessoas com as quais dividir algum conteúdo você se torna mais livre e mais sincero. Nem mesmo no Path você sempre pode ser totalmente sincero.

F: Mas o Facebook e o Google +  permitem alterar as configurações de privacidade e se comunicar em grupos. Por que esse serviço não é amplamente utilizado?

Anton: Pode ser que a maioria dos usuários encare o Facebook e o Google+  como uma grande plataforma grande. Não sei ao certo.

F: Agora existe uma enorme variedade de redes sociais móveis. Quantos aplicativos podem ser usados ao mesmo tempo?

Anton: As pessoas estão obcecadas com o termo “rede social”, pronunciado em todos os lugares por qualquer motivo. Na verdade, as redes sociais são simples aplicativos, ou seja, ferramentas de comunicação. Enquanto houver necessidade de usá-las, não há limite algum.

Mikhail: Existem redes sociais para fotos, vídeo etc. Mas a Pair é diferente, pois trata-se de uma plataforma para troca de mensagens entre duas pessoas próximas, um serviço especial de SMS para casais. Portanto, em um polo está o Pair, no outro, o Facebook.

Oleg: Gostaria de acrescentar que há sempre uma pessoa com quem você se comunica mais do que com as demais. É isso que a Pair permite fazer.

F: Atualmente, o aplicativo só está disponível para o iPhone. Vocês estão trabalhando em uma versão Android?

Oleg: Sim. Pretendemos lançá-la em duas ou três semanas. Está quase pronta.

F: E como vocês planejam ganhar com seus aplicativos?

Oleg: Pretendemos criar uma espécie de bônus a ser comprado pelos namorados. Isso pode ser um presente ou um jogo. Acho que, se conseguirmos inventar coisas para o passatempo a dois, poderemos cobrar pelo serviço. Mas o aplicativo em si vai continuar sendo gratuito.

F: Talvez seja bom vender a Pair aos homens de muitas esposas?

Anton: Já recebemos propostas do gênero. Chamaremos esse outro aplicativo de “Poligamia” e ele será vendido por US$ 99. Estou brincando. (risos) Mas se você tem várias namoradas, pode criar várias contas e ir trocando no aparelho.

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