Rússia continua a apoiar o plano de Kofi Annan Foto: AP
A oposição armada síria está tentando provocar a retomada da violência para dar fim ao cessar-fogo e destruir o plano de Kofi Annan, disse o chanceler russo, Serguêi Lavrov, na última quarta-feira (18).
Mesmo assim, a diplomacia russa procura estabelecer um diálogo com a oposição síria, especialmente com os grupos adeptos de uma solução política para a Síria.
O ministro russo recordou que o governo de Moscou considera necessário usar o diálogo, evitar provocações e persuadir as partes conflitantes a aceitar o cessar-fogo acordado em benefício do povo sírio.
O problema é que os EUA e países da Europa Ocidental se declaram, por um lado, favoráveis ao plano de paz na Síria proposto pelo representante especial da ONU, Kofi Annan, e aprovado pelo Conselho de Segurança e, por outro, não deixam de ajudar econômica e politicamente o Conselho Nacional Sírio (CNS), sediado fora do país e defensor de uma intervenção militar externa na Síria.
O CNS não aceitou, até agora, o plano Annan e se recusa a dialogar, afirmando não quer negociar com o presidente sírio, Bashar Assad. Mas o plano Annan prevê um diálogo entre o governo e todos os grupos da oposição.
Consciente de que os países ocidentais não têm a menor intenção de estimular a oposição síria a se sentar à mesa de negociações, Moscou procura estabelecer sozinha contatos com oponentes construtivos do regime de Assad.
Em um comunicado divulgado na última terça-feira (17), a diplomacia russa informou que Serguêi Lavrov se reuniu em Moscou com uma delegação do Comitê Nacional de Coordenação para a Mudança Democrática (CNN).
O CNN, composto por grupos laicos de tendência esquerdista e vários grupos nacionalistas, é uma das frações-chave da oposição síria, tem sede no país, defende um diálogo político e uma reforma do sistema político da Síria, além de ser contra uma intervenção externa no país, razão pela qual faz oposição ao CNS.
No final de abril, Moscou receberá uma comissão da Frente para a Mudança e Libertação, segundo informou o vice-chanceler russo, Mikhail Bogdanov.
Esse grupo oposicionista ficou internacionalmente conhecido depois de ter se recusado a participar da primeira reunião dos “Amigos da Síria”, na Tunísia.
“Esse encontro não tem por objetivo resolver o problema sírio e é organizado pelos países liderados pelos EUA como um golpe de publicidade e um pretexto para a intervenção externa no país”, diz, Kadri Shamil, líder da Frente para a Mudança e Libertação.
A Frente declara representar a maioria silenciosa na Síria e reivindica as funções de mediador entre o governo e diferentes forças da oposição.
“O maior problema da oposição síria é não ter um líder carismático capaz de controlar os líderes de diferentes grupos étnicos e políticos”, afirma o presidente do Instituto do Oriente Médio, Evguêni Satanóvski.
O próprio presidente formal do CNS, Burhan Ghalioun, reconhece não possuir grande autoridade na Síria e no próprio conselho.
Segundo Satanóvski, diferentemente do CNS, o CNN atua dentro do país, é contra qualquer intervenção externa na Síria e, portanto, tem legitimidade para negociar com o regime de Assad.
“No entanto, o maior problema é que quase um bilhão de dólares investidos na campanha contra a al-Assad continuarão alimentando a guerra civil no país por muito tempo. O capital é investido em confrontos, e não em soluções pacíficas”, resume Satanóvski.
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