Foto: AP
O lançamento do lançamento do satélite norte-coreano pretendia mostrar à nação e ao resto do mundo o alto nível de desenvolvimento tecnológico atingido, colocando a Coreia do Norte ao lado de líderes mundiais na área técnico-militar.
Às vésperas do evento, o neto de Kim Il-Sung, Kim Jong-un, foi nomeado secretário-geral e presidente da Comissão Militar Central. A intenção, portanto, não era só comemorar o centenário do fundador do país, mas também celebrar a ascensão do sucessor com um evento de grandes proporções.
Por essa razão, nenhum dos pedidos de outros países para cancelar o lançamento deu resultado. “Os líderes da Coreia do Norte quiseram resolver, em primeiro lugar, os problemas políticos internos e elevar seu prestígio”, diz o ex-embaixador russo na Coreia do Norte, Gueórgui Toloraia.
“Todas as atividades na área de defesa antimíssil no Extremo Oriente atentam contra a Rússia e, principalmente, a China”, afirma Toloraia.
“A Coreia do Norte não representa uma ameaça militar real para seus vizinhos, pois os líderes do país entendem que uma guerra será para eles um suicídio. Mas eles estão preparados para responder em caso de agressão. Portanto, não adianta provocar o governo de Pyongyang, por mais conveniente que isso pareça diante da crescente influência da China no Sudeste Asiático”, completa.
Segundo o diplomata, a forte reação negativa da comunidade internacional poderá agravar a situação na península coreana, bem como aumentar a pressão sobre o país e seu jovem líder.
“Continuaremos exercendo pressão sobre eles, e eles continuarão se isolando [do cenário internacional] enquanto essa postura não mudar”, disse à rede de televisão Telemundo o presidente dos EUA, Barack Obama.
De acordo com ele, os norte-coreanos “têm tentado lançar um míssil ao longo dos últimos dez anos e não viram resultados”.
A suposta ameaça por parte da Coreia do Norte estimula os EUA a pensar na instalação de um escudo antimíssil no Extremo Oriente em acréscimo aos sistemas de defesa antimíssil já existentes na Califórnia e Alasca.
O Japão também possui potencial suficiente para aumentar a tensão militar na região. O governo de Tóquio planejava usar três navios de guerra equipados com o sistema Aegis e dois sistemas de mísseis antimísseis Patriot PAC-3 para interceptar o míssil norte-coreano.
Segundo o jornal japonês “Yomiuri”, essa foi a primeira vez que os militares americanos e japoneses coordenaram suas ações.
Medo russo
Em uma aparente tentativa de evitar consequências trágicas, o ministro das Relações Exteriores russo, Serguêi Lavrov, fez uma série declarações resultantes, segundo ele, de uma posição coordenada entre a China, Rússia e Índia.
“A República Popular Democrática da Coreia tem o direito de usar o espaço exterior para fins pacíficos. No entanto, esse seu direito é atualmente limitado pelas respectivas resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Assim que houver condições para a suspensão das sanções, não haverá mais restrições à exploração do espaço e energia nuclear para fins pacíficos”, disse.
Ainda de acordo com o chanceler russo, os atuais acontecimentos devem ser examinados pelo Conselho de Segurança da ONU.
Lavrov também se pronunciou contra as novas sanções e em favor da retomada das negociações multilaterais sobre o dossiê nuclear da Coreia do Norte, o principal motivo de preocupação para Moscou.
“A Coreia do Norte já tem plutônio para o uso em uma bomba nuclear em caso de conflito”, disse Gueórgui Toloraia, acrescentando que o aumento da pressão sobre o governo norte-coreano pode incentivá-lo a intensificar as atividades para a criação de dispositivos explosivos à base de urânio. “Para a Rússia, isso é inaceitável”, salienta.
A atual situação na Coreia do Norte remete à questão iraniana. A Rússia tem receio de que a pressão maciça sobre o Irã também possa estimular o governo de Teerã a desenvolver armas nucleares.
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