São Paulo ganhará Casa da Cultura Russa

Cônsul-geral da Rússia em São Paulo, Mikhail Troiánski Foto: Arquivo pessoal

Cônsul-geral da Rússia em São Paulo, Mikhail Troiánski Foto: Arquivo pessoal

Segundo o cônsul-geral da Rússia em São Paulo, Mikhail Troiánski, o centro ajudará a neutralizar os estereótipos negativos criados pela mídia.

Depois de passar os últimos cinco anos como embaixador no Peru, Mikhail Troiánski assumiu a posição de cônsul-geral da Rússia na capital paulista, onde está há quatro meses.

Em entrevista exclusiva à Gazeta Russa, Troiánski fala sobre os estereótipos os negativos criados pela mídia e como pretende recuperar o tempo perdido nas relações entre o Brasil e a Rússia.


Gazeta Russa: O senhor não acha que os russos são pouco representados no Brasil?


Mikhail Troiánski: Penso que ainda há um certo imobilismo. Nossos empresários devem assumir uma postura mais agressiva ao entrar no mercado brasileiro e, naturalmente, vice-versa. Mas acredito no progresso dessas relações em um futuro próximo. Não quero pôr todas as cartas sobre a mesa, mas tenho essa esperança e um sólido argumento.

GR: O que o motiva a manter essa esperança?


MT: Há pouco tempo, Moscou decidiu inaugurar uma Casa de Cultura Russa em São Paulo. Fiquei envergonhado ao constatar que, tendo trabalhado muitos anos na América Latina, encontramos essas casas no Chile, Peru, Argentina, menos no Brasil. Como é possível não ter nossa presença cultural num país como esse? Através das casas de cultura podemos neutralizar os estereótipos negativos, artificiais, que foram criados pela mídia.

GR: Então isso ajudará os brasileiros a conhecer melhor os russos e vice-versa?


MT: Certamente temos um grande potencial. Primeiro, é preciso desenvolver nossos laços culturais. Cultura e educação, quanto mais, melhor. Essa é minha meta principal, porque estou de certo de que os russos admiram muito os brasileiros. Mas quando você pergunta a qualquer russo de uma cidade distante sobre o Brasil, as respostas estão na ponta da língua: Pelé, futebol e café. Espero que em pouco tempo o Brasil seja associado com seus compositores, magníficos escritores...

GR: Como a genial escritora brasileira de origem soviética Clarice Lispector...


MT: Claro, as pessoas interessadas em cultura conhecem os grandes escritores da literatura brasileira. Assim como ocorre aqui em relação à literatura russa.

GR: E quais são as perspectivas dessa relação na esfera política?


MT: Poderia caracterizar nossas relações públicas com uma só palavra: perfeitas! Isso não quer dizer que somos eternos namorados. Mas trata-se de relações pragmáticas, amistosas e estratégicas na área internacional. Na situação síria, por exemplo, foram tomadas diferentes decisões, mas de acordo com os princípios democráticos do Brics.

GR: O que o senhor tem a dizer sobre as críticas feitas ao bloco?


MT: Li muita crítica dizendo que o Brics não vale nada. Por favor! O Brics é um órgão internacional válido, cuja palavra vem assumindo maior importância no cenário econômico global. Tenho certeza que, ao atingir metas comuns, progrediremos cada vez mais.

GR: No entanto, as relações comerciais entre os dois países ainda são limitadas, girando em torno de 6 bilhões de dólares. O que fazer para incrementá-las?


MT: Isso é uma vergonha e eu reconheço. É preciso, contudo, analisar o problema do ponto de vista político. A Rússia, como se conhece hoje, tem apenas vinte anos. Nós temos um grande caminho pela frente e podemos desenvolver nossas relações em campos diversos como, por exemplo, espacial, aviação. Sem dúvida alguma existem grandes perspectivas e, para isso, precisamos não só importar e exportar, mas realizar projetos conjuntos. 

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