A metasequoia é um gênero de conífera e vive, em média, mais de 500 anos. Foto: East News
Embora a ilha de Axel Heiberg esteja localizada a mil quilômetros do Polo Norte, os vestígios fósseis de árvores, plantas e animais pré-históricos descobertos nas latitudes setentrionais do Canadá no fim do século 19 demonstraram que essa região era, há milhões de anos, um grande pântano tropical onde cresciam metasequoias gigantescas.
Atualmente alguns poucos hectares de floresta de metasequoia primitiva estão presentes apenas na depressão de Sichuan, na região central da China.
O material para o estudo, alguns gramas de folhas decompostas, foi entregue aos biólogos geneticistas da Universidade de Altai, no sudeste da Sibéria ocidental, por especialistas do Instituto de Botânica da Academia de Ciências da Rússia.
“Os exemplos satisfatórios de decodificação do DNA em uma amostra tão antiga como essa são muito poucos. Em 50 milhões de anos, quase todas as moléculas orgânicas são destruídas. Foi realmente muito difícil encontrar moléculas intactas”, disse à agência ITAR-TASS o vice-diretor de assuntos científicos do Jardim Botânico da Universidade de Altai, Maksim Kutsev.
No entanto, os resultados obtidos surpreenderam os cientistas. “Comparamos a cadeia de DNA dos restos da metasequoia primitiva com a de sua parente atual e não detectamos quase nenhuma das cerca de 10 mudanças que normalmente acontecem em mil nucleotídeos da cadeia de DNA em 50 milhões de anos”, afirma Kutsev.
Segundo ele, foi possível confirmar experimentalmente que o processo de evolução não acontece com uma velocidade uniforme. “Isso altera as noções de evolução existentes”, comenta.
A partir de tais descobertas, algumas teorias sobre evolução tornam-se inconsistentes. “Um exemplo disso é a teoria, muito em voga atualmente, do cientista americano Masatoshi Nei sobre o ‘relógio molecular’, segundo a qual a evolução do DNA em todos os seres vivos ocorre com quase a mesma velocidade”, diz.
Juntamente com seus colegas canadenses, os especialistas russos estão agora
redigindo o relatório com os resultados de seus estudos para publicação na
Rússia e no exterior.
Eles esperam que seus estudos ajudem a desvendar os diversos mistérios enterrados sob séculos de história. “Os resultados de nossas pesquisas serão úteis aos futuros estudos do clima e da evolução”, diz Maksim Kutsev.
“A metasequoia era comum na América do Norte e na Eurásia. Seus vestígios têm sido encontrados no Japão, Kamtchatka e no Cazaquistão. Surge então a pergunta: o que é que aconteceu com o clima e por que essa árvore praticamente desapareceu da face da Terra e só persevera na China”, completa.
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