“Missão de Kofi Annan é a última chance para a Síria”, diz Medvedev

Dmítri Medvedev (à esq.) e  Kofi Annan (à dir.) Foto: AP

Dmítri Medvedev (à esq.) e Kofi Annan (à dir.) Foto: AP

Presidente evidencia sua preocupação com a escalada da violência na Síria, mesmo após abrandamento da posição ocidental em relação ao governo de Damasco.

A missão do enviado especial da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, à Síria pode ser a “última chance de evitar uma guerra civil” no país, disse o presidente Dmítri Medvedev, durante encontro com Annan no último domingo (25), em Moscou.

A posição da Rússia foi reiterada ontem (26) por Medvedev em uma reunião com o presidente dos EUA, Barack Obama, na Cúpula sobre Segurança Nuclear, em Seoul. “Devemos evitar maiores problemas e conter a ameaça de guerra civil existente na Síria”, afirmou.

Obama, por sua vez, manifestou a esperança de que Kofi Annan consiga avançar rumo à criação de um mecanismo que permita ao povo da Síria “obter representantes e um governo legítimos”.

O presidente norte-americano evidentemente rejeita a possibilidade de o atual presidente sírio, Bashar al-Assad, permanecer à frente do país.

“Não gostaríamos que o presidente Assad continuasse à frente da Síria após a passagem política do poder”, declarou, no dia 22 de março, a porta-voz do departamento de Estado dos EUA, Victoria Nuland.

Sem tomar partido

 

Antes de se reunir com o presidente Medvedev, Barack Obama discutiu com o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, a possibilidade de uma ajuda não militar aos rebeldes sírios.

“Achamos inadmissível que a oposição síria seja auxiliada externamente e que a comunidade internacional apoie um dos lados do conflito”, disse o assessor do presidente russo, Serguêi Prikhódko, às vésperas da cúpula de Seoul.

A posição russa não reflete qualquer animosidade ou empatia em relação a Bashar al-Assad. O chefe da diplomacia russa, Serguêi Lavrov, é inclusive categórico ao se expressar contra o atual regime de Damasco.

A recente declaração de Medvedev é, entretanto, direcionada a todas as partes conflitantes. O intuito é impedir qualquer influência estrangeira sobre o processo político na Síria e criar condições para que os sírios decidam por si mesmos quem governará seu país.

Os EUA, porém, insistem na renúncia do presidente Assad, condenando, assim, ao fracasso todos os esforços de mediação de Moscou, da Liga Árabe e da ONU.

“Durante a visita de Kofi Annan a Moscou, nos manifestamos totalmente favoráveis a seu plano de paz”, disse o embaixador Pogós Akópov, presidente da Associação dos Diplomatas Russos.

A situação síria depende negociações entre as partes em conflito, mesmo com a resistência da oposição e o desejo explícito dos Estados Unidos de afastarem Assad. “Enquanto os EUA não abdicarem dessa sua posição, nenhum progresso será feito na Síria”, salienta Akópov, que por duas vezes foi chefe de missão diplomática russa no Oriente Médio.

Posicionamento global 

 

A Liga Árabe também reconhece o destino político de Assad como um dos principais problemas da questão.

Em uma entrevista à imprensa árabe no último domingo (25), o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, afirmou que a próxima cúpula do grupo, durante esta semana em Bagdá, não irá exigir a renúncia do presidente sírio.

Espera-se que os países do Brics também se pronunciem contra a intervenção externa nos assuntos internos da Síria e reafirmem a necessidade de lançar o processo de negociações em sua cúpula, que será realizada nos dias 28 e 29 de março, em Nova Déli.

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